Há muito que não visitava esta galeria. A verdade é que há
mais que fazer e a crise instalada no zoo tem-nos obrigado a contribuir para a
causa com algum trabalho suplementar. Trabalho que, na prática, serve para aumentar
os impostos cobrados pelo gaspar, um papagaio que decidiu pôr as contas
públicas em dia à custa do esforço das vítimas da desgovernação do bando de
aves de rapina que nos últimos anos assentou arraiais no poleiro dourado do reino.
Mas não temos deixado de expor espécimes interessantes
noutras galerias e nem tudo é mau. Por exemplo, as agências de rating, não nos tirando
do lixo, já vão assobiando para o lado – ali para a banda dos nossos hermanos –, os boches
estão dispostos a ajudar a aumentar as nossas exportações, designadamente
comprando-nos mais barato do que noutro lugar qualquer, e isto vai indo,
entretido com histórias de agentes secretos, máfias de meter medo ao susto,
ladrões de colarinho branco e algum artesanato de vão de escada muito a
propósito dos desígnios de uma imprensa esquizofrénica que não nos larga a
labita.
Mas, mais uma vez, nem tudo é mau. A mania de estarmos
sempre a deprimir também não faz bem à saúde. Acontece que as últimas notícias
sobre qual o caminho que vai levar o milho sacado aos pardalitos públicos deixa-nos
completamente tranquilos da vida. Assim vale a pena sacrificar os subsídios de
férias e de Natal, para além de outras parcelas das suas faustosas remunerações.
É verdade, vão direitinhos para pagar os devaneios, os compadrios, a
imbecilidade e o mete-ao-bolso dos papagaios do bigode que têm estado à frente
dos municípios.
É mesmo verdade… O relvas enredado no avental e na liturgia
subterrânea dos interesses instalados, mais o pequenote da contabilidade já
citado, e não sem o agrément do passos curtos em inteligência, encontraram uma
solução genial para que as festas de verão possam continuar em grande estilo a
alimentar o foguetório nacional: sacam o referido milho aos pardalitos,
emprestam-no com juros de 4% aos ditos de bigode e depois, se tudo correr bem,
ficam com o milho, com os juros e com os louros que lhes garantirão no futuro uma
poltrona no conselho de administração de uma empresa pública ou privada (não
são muito esquisitos), quiçá uma bolsa de estudo em Paris, um lugar numa daquelas
instituições internacionais para onde vão engordar guterres, constâncios e
outros que tais, ou, e disso não se livram, na lista dos maiores ladrões da
história.
Atenção! Isto é se correr bem. Se correr mal, novas medidas
inteligentes terão de ser encontradas… Os nossos credores já andam a insistir
na necessidade de baixar a ração da passarada que trabalha e os esquizofrénicos, os
tais que se dizem jornalistas, já andam a delirar encantados com esta notícia…