sábado, 15 de outubro de 2011

Os FP que paguem a crise!

Quando o P (de primeiro) com aquele bico de papagaio desmiolado veio anunciar que os FP vão ser obrigados a contribuir para a redução do défice das contas públicas, ou seja a dívida pela qual todos os portugueses são responsáveis, mas só alguns têm pago, a passarada ficou completamente em êxtase. Bateu asas em voos acrobáticos, antecipou a festa do S. Martinho e rodopiou freneticamente até à exaustão. Numa noite passada em claro, com a excitação da decisão, o piar de ordem não podia deixar de passar pelo slogan: os FP que paguem a crise! E a festa foi de arromba.
Finalmente, parecia que os FP iam ser obrigados a restituir, até ao último grão, todo o milho que andaram a roubar nos últimos anos, e até um entusiasmado jovem papagaio cor-de-laranja lançou para o espaço a ideia dos ditos cujos serem penalizados tendo em conta as malfeitorias com que levaram o país à beira da bancarrota. Todos os papagaios de colarinho branco e bico dourado, os das ilhas e os do continente, iam ser depenados e engaiolados como manda a lei mas também a moral de uma fauna que se quer decente.
O problema foi quando, depois de um sono bem agitado, a pensar no milho e nas pevides que alimentam o espírito e sossegam o estômago, a dita passarada despertou para a realidade. Ninguém tinha percebido a mensagem do P. Com efeito, não se confirmava que era aos denominados, e bem, FP de bico dourado que iam ser retirados os subsídios com que se levam os pintainhos a banhos ou se lhes compra os balões que costumam descer pela chaminé no dia do nascimento do inventor deste jardim zoológico à beira-mar plantado. Afinal, eram os FP, mas os FP do costume, ou seja, eram os bandidos que comem tudo e não deixam nada; que não servem para nada; por quem ninguém tem respeito e a quem, a toda a hora, se lhes enfia o dedo na cloaca, com o maior desplante, a maior sem-vergonha e sem qualquer receio de uma bicada mais violenta.
Moral da história: os FP de bico dourado vão continuar a pavonear as penas sem que nada lhes aconteça e os funcionários públicos, mais uma vez, vão pagar o pato sem sequer se atreverem a piar.