quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Papagaios cabeça de nabo arrasam com o país

No dia em que Saldanha Sanches exige JUSTIÇA FISCAL, cumprindo o seu último desejo, ainda em vida, não podemos deixar de meditar na forma como a ironia marca o destino dos homens. E não podemos deixar de pensar nos papagaios que procuram subverter o nosso destino.  
A solidariedade é uma marca distintiva entre animais de várias espécies. Saldanha Sanches era um desses animais, infelizmente já em extinção. A entrega total ao paradigma da justiça, ironicamente, justificou a sua prisão e reuniu à sua volta uma prole de inimigos que nunca foram capazes de lhe vergar a coluna vertebral. Desassombrado, corajoso, umas vezes destemperado nas atitudes, mas sempre fiel aos seus princípios, cumpriu o seu destino. Maria José Morgado deve estar feliz e orgulhosa por ter partilhado a vida e o destino de Saldanha Sanches. A partir de agora, que cumpra o seu. É o que esperamos dela.
O problema é que a lógica do destino de um homem não livra os outros homens daqueles que distorcem o sentido da justiça e da solidariedade.
Mais uma vez, no dia em que Saldanha Sanches vem exigir justiça fiscal, a ironia das ironias prega-nos com a justiça da injustiça.
É o desprezo e a incompetência, e não a justiça da justiça, que atropela os portugueses. É o desprezo do papagaio que vive em S. Bento pelos portugueses e a incompetência do seu papagaio cabeça de nabo que fazem deste país um país sem destino.
Hoje não é mais um dia de caça aos papagaios. Hoje é dia de solidariedade para com aqueles que estão mais pobres e é também o dia em que devemos ter vergonha de muitos terem acreditado num perigoso bando de papagaios malfeitores, sem escrúpulo, sem sentimentos e de que todos temos de nos ver livres rapidamente para cumprirmos o nosso destino.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Há papagaios que não gostam do facebook

Dizer-se que se gosta ou não do facebook todos temos esse direito, agora considerar-se esta democrática rede social a razão do fim do mundo é demais e até contraditório, tendo em conta que a bombástica afirmação vem de um papagaio que opina sobre tudo, que sabe tudo e que fala de tudo e de todos com a maior falta de respeito e de vergonha.
É certo que terá tido uma infância muito difícil. Basta recordar que cresceu ao lado de uma poetisa de enorme talento, que o terá traumatizado quando lhe apontou outro caminho que não o da literatura, e ao lado de um dos maiores papagaios do seu tempo, um pai com capacidade camaleónica de mudar a cor das penas e de se transformar em gato devorador de aves fedorentas.
Ora, tudo isto devia ser deprimente e até aterrador para um papagaio de bico curto e ainda a aprender a voar. É compreensível. E também é compreensível que odeie os professores e que se recuse terminantemente a cruzar-se com os colegas da escola primária.
Nenhum papagaio adulto gosta de ser confrontado com os maus tratos a que foi sujeito pelos professores malvados que mortificavam as patinhas dos alunos quando estes se portavam mal ou davam erros no ditado, nem tão pouco de admitir sentar-se à mesa com os horrorosos companheiros que lhe esmifravam a cabeça com calduços a toda a hora, que sistematicamente lhe roubavam o papo-seco com fiambre ou o segregavam ao chamarem-lhe menino copo de leite. Isto para não se falar da sua relação com a aritmética, onde devia ser uma lástima, ou com o desenho, que só podia se um desastre – basta ver-se como retrata o mundo, onde só vê inimigos.
Só não se entendem bem as razões porque está sempre disponível para defender as araras acusadas de abusarem de minúsculos bicos de lacre acabados de sair do ovo, bem como colocar-se ao lado daqueles que fazem deles bombas humanas ou se servem de avezinhas impúberes para realizarem casamentos em grupo… Será que detestar juízes, odiar os professores e os colegas de infância ou perder a cabeça quando ouve falar do Bush justifica um papagaio tão ressabiado? Ou tudo isto não passará de uma espécie de doença hormonal que o impede de desempenhar o seu papel de homem capaz de amar?
Em todo o caso, há certas ideias que este papagaio defende com as quais não podemos deixar de concordar plenamente. Por exemplo, quando afirma que existe excesso de comunicação, tem toda a razão. E todos devíamos seguir o seu conselho: desligarmos todos os aparelhos, sobretudo a televisão, no canal onde ele aparece muito a pavonear-se; deixarmos de comprar jornais, principalmente aquele onde semanalmente vomita sermões e dá tiros em todas as direcções; e deixarmos de comprar livros, de preferência as suas literárias aventuras com as quais a humanidade nada tem a ver, nem a beneficiar.
PS: as últimas notícias falam de um bando de papagaios que decidiu assaltar à pata armada todas as casas dos portugueses, revelando a sua brutalidade no caso particular das casas dos funcionários públicos.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Os papagaios poliglotas e os outros

Já tínhamos concluído que os papagaios têm dificuldade em falar algumas línguas. E até tínhamos considerado injusto criticar o Manuel Maria Papagaio por não conseguir vocalizar o nome do egípcio Farouk Hosni. Agora, vimos em defesa do papagaio que vive em S. Bento porque consideramos que não é correcto fazer-se chacota do seu discurso nos EUA. Isto porque a culpa daquela tragédia na Universidade de Columbia deveu-se, por inteiro, à incúria do seu grande amigo Pinho papagaio, o tal dos cornos em riste, e aos responsáveis pela logística do evento circense. O primeiro porque ter-lhe-á dito que para se limitar a abrir e fechar a boca e a fazer aquele seu gesto muito estimulante da mão fechada para cima e para baixo, os outros, porque estavam instruídos para meterem a cassete do discurso sobre o sucesso do programa das energias renováveis em Portugal e, em lugar disso, inadvertidamente, meteram uma cassete do Curso de Inglês sem Mestre, recentemente editado pela encerrada Universidade Independente.

E esta situação, que não é virgem – basta recordar a barraca que foi aquele discurso no país vizinho –, começa a ser preocupante. Se meditarmos em exemplos passados, descobrimos papagaios poliglotas, como os que não aguentaram viver no pântano, que conseguiram voar para as gaiolas douradas da ONU e da Comissão Europeia, e outros, porque só falavam português ou limitavam-se a arranhar no francês, que ficaram prejudicados.

Bem, sempre há a possibilidade de poder seguir os passos do seu grande amigo Vara que treme mas não cai ou do não menos amigo papagaio que anda de Mota-Engil ou ainda, quem sabe, continuar a sua meritória carreira profissional como rubricador daqueles extraordinários projectos de arquitectura que todos conhecemos e que nos traz na expectativa de poderem vir a ser distinguidos com o Prémio Valmor.


quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Ou votam em mim ou mato-me!

Que horror! Que tomada de posição tão extremada. Há papagaios que ainda não sabem que a Revolução dos Cravos já acabou. E ainda não aprenderam que a política da terra queimada também já lá vai. Afogada nos seus próprios gritos morreu a UDP e em coma está, há décadas, o MRPP. E se pensarmos que os capitães de Abril não passam de símbolos tão simpáticos como o galo de Barcelos é fácil perceber que a estratégia do Alegre papagaio não vai levá-lo ao poleiro. É verdade que outros tiveram sucesso. O caso do papagaio sem pai, sem mãe e sem amigos, mas com uma dívida que não deixou de pagar a quem, contrariado, o colocou no poleiro, é um exemplo. Só que a passarada já está avisada e não deve voltar a cair na armadilha que depenou o Santana papagaio.
Por outro lado, é preciso ter cuidado. No assalto ao poleiro, umas vezes a morte espera os mais aventureiros. E o Alegre papagaio que tantas vezes recorda D. Sebastião nos seus poemas, devia ter mais cuidado com as atitudes e as ambições. A vaidade é um pecado mortal e decidir fazer a rodagem do carro ao Pulo do Lobo para sair do nevoeiro como o grande salvador não está ao alcance de todos.

Afinal, quem acredita que o Alegre papagaio pode ser o D. Sebastião que vai evitar a invasão de Portugal pelo FMI? Muito poucas aves deste zoo, parece-me. As da chamada esquerda democrática estão a fazer um frete para evitar o ridículo das anteriores eleições, quando pediram o voto no velho papagaio de todos os papagaios; as da chamada esquerda antidemocrática decidiram concorrer com um pintassilgo sem voz; e as da chamada esquerda moderna vão votar alegremente para se divertirem à custa dos papagaios que ainda lhes dão ouvidos. Por sua vez, as aves ditas sociais-democratas já há muito se desiludiram com os poetas revolucionários e as ditas centristas continuam a acreditar no dito D. Sebastião para pôr ordem nesta verdadeira selva.

Mas nem tudo está perdido! Quatro votos a seu favor vão certamente cair na urna. O seu e os das suas três barbies louras de estimação: a Roseta papagaio, que sempre teve jeito e disponibilidade para arquitectar a forma de outros papagaios chegarem a presidentes,
a Edite papagaio que há muito vive nas estrelas sem saber ler nem escrever, e que sempre o poderá acudir nalguma calinada na gramática,
e a Belém papagaio, muito dada às questões da saúde, que certamente também será muito útil, sobretudo quando a tensão arterial do Alegre subir ao rubro nos discursos com expressões e palavras roubadas aos seus poemas. Expressões e palavras que, de resto, não são difíceis de antecipar:

«apodreceu o sol dentro de nós»,
«o sol crucificado»,
«silêncio de morte em cada voz»,
«braços negros de fome»,
«homens de joelhos»,
«fantasmas»,
«naufrágio»,
«tormentas»,
«revolta»,
«indecisão»
e outras tão ou mais estimulantes como estas.


quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Manuel Maria Papagaio de asas cortadas

Há papagaios que nunca se calam e os donos nem sempre têm paciência para os ouvir. São bem tratados, com todas as mordomias, poleiros dourados, etc. Só que os diabos dos bichos são teimosos. Dizem o que lhes vem à cabeça e quando se lhes pede para papaguearem algo que interessa aos negócios dos donos, como, por exemplo, gritar viva o Farouk Hosni, ou ficam calados ou gritam outra coisa qualquer, disparatada, como viva o Benfica. É verdade que há papagaios que são um bocado arrogantes e até muito irritantes, mas os donos abusam quando se armam em ditadores. É que os papagaios também têm limites e Farouk Hosni são duas palavras difíceis de dizer, primeiro porque são egípcias e os bichos não sabem todas as línguas, depois, porque abrir o bico para soletrar o nome de um anti-semita até eriça as penas dos papagaios.
O caso do Manuel Maria Papagaio é paradigmático. Não cumpriu as ordens do dono e foi abandonado ao seu destino. Resta-lhe escrever mais um livro, que é coisa que sempre faz quando se sente injustiçado ou quando não compreende que o dono tem outros animais domésticos em lista de espera para ocuparem os poleiros dourados. Agora, das duas uma, ou se cala de uma vez por todas e o dono ainda o coloca no poleiro de uma empresa pública, ou começa a gritar e a fazer parvoíces e sujeita-se a ser enviado para a presidência da administração de uma empresa amiga no Brasil ou em África, como aconteceu ao Vara que treme mas não cai. Uma coisa é certa, se for um papagaio esperto, como parece que é, tal como os outros da mesma espécie, ainda terá direito a uma indemnização para comprar um programa de televisão para a Bárbara se pavonear.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Faces ocultas com os bicos de fora

Seguindo a estratégia do BCP, a Portugal Telecom decidiu pagar indemnizações aos seus administradores arguidos. E está correcto. Se o BCP já havia feito o mesmo com a vara que abana, não cai, nem tão pouco treme, os Soares também são filhos do mesmo pai e da mesma mãe. Para além disso, andaram na mesma escola; são impolutos; indiscutivelmente competentes, como demonstram os seus currículos académicos e profissionais; e demonstram possuir virtudes semelhantes.

Sinceramente, os números é que pecam pela mesquinhez. No nosso entendimento, deviam ser um pouco mais altos e, de preferência, livres de impostos. Até porque, segundo se diz, o papagaio sucateiro continua a distribuir dinheiro por aqueles que podem vir a destapar-lhe a face, e os ditos Soares – o carneiro e o outro ruminante bovídeo –, filantropos dos sete costados, também deverão querer dividir uma parte das suas indemnizações pelos pobres e pelos desempregados.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

É preciso encerrar as escolas. Muitas, se possível, todas.


Depois do vampiro que atormentou as crianças e quase secava as veias dos professores, havia alguma esperança de que a gaiola da educação fosse ocupada por um outro bicharoco voador menos sanguinário. É verdade que o papagaio dito republicano que governa este jardim zoológico nunca terá gostado da sua escola primária, porventura terá passado a correr pela escola secundária e, segundo consta, nunca precisou de escola para se licenciar. De resto, escola não lhe falta, nem nunca lhe terá faltado. Como tem acontecido a outros papagaios da mesma estirpe, ele sabe perfeitamente que, mais dia, menos dia, com pompa e circunstância, lhe será atribuído um doutoramento honoris causa. E merece! Há até um movimento de gente esperta que está a pensar propor que seja a Universidade das Novas Oportunidades a cumprir esse desígnio.

Nós sempre fomos um povo esperto. Povos inteligentes houve que não sobreviveram aos embates civilizacionais; nós, espertos, cá continuamos, a viver à conta dos inteligentes que nos emprestam dinheiro, sem qualquer esperança de que algum dia sejam ressarcidos da sua solidariedade. Aliás, é sabido que quem quer estudar e trabalhar tem a porta aberta. Vai para o estrangeiro. Vai para o Luxemburgo, para a Alemanha, o Canadá ou até mesmo para Espanha. É até lamentável que algumas aves de rapina, como o Medina Carreira e outros, nos queiram convencer que é necessário estudar e trabalhar para este zoo não se extinguir.

De uma vez por todas, temos que interiorizar a teoria, e sobretudo a prática, de que é preciso ser esperto, não inteligente. Aquele é capaz de roubar sem ser apanhado, este, primeiro não rouba, e se roubar é logo engaiolado. A inteligência é neste contexto o perfeito sinónimo da estupidez.

Claro que há excepções. Por exemplo, o papagaio de asa alçada, que ocupou o poleiro da gaiola da educação, ao continuar a cumprir o desígnio dos espertos que programaram matar os professores e acabar com as escolas devia saber que está perigosamente a comprometer o seu futuro. Provavelmente ainda não terá consciencializado a aventura em que se está a meter. Isto porque cada vez será mais difícil vender os seus livros num país à beira-mar plantado onde se multiplicam os papagaios e os analfabetos.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Na rentrée política

Os papagaios batem as asas como beija flores, incham o papo como perus, exibem-se como pavões e mergulham no espaço sobre os pategos como urubus.

domingo, 5 de setembro de 2010

Olimpíadas para papagaios

Laurentino Papagaio foi apanhado no controle antidoping. A perigosa dose Carlos Queiroz dilatou-lhe a caixa craniana e encolheu-lhe o cérebro já por si diminuto. No mesmo estado foram apanhados todos os membros da direcção da Federação de Futebol, que se encontram em estado de coma.


Ao que parece, a perigosa droga produz outros efeitos nefastos. Por exemplo, os médicos que integram a equipa da ADoP, sobre a alçada do já há muito apanhado Horta Zementemente, não conseguem pregar olho e perdem os sentidos quando não enfiam para a veia logo de manhãzinha; o Agostinho Piloto ficou literalmente careca e incapaz de articular uma frase com alguma lógica e os jogadores da equipa de todos nós – para além do cigano que não chegou a tempo da distribuição da dose – parecem nitidamente catatónicos.