quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Manuel Maria Papagaio de asas cortadas

Há papagaios que nunca se calam e os donos nem sempre têm paciência para os ouvir. São bem tratados, com todas as mordomias, poleiros dourados, etc. Só que os diabos dos bichos são teimosos. Dizem o que lhes vem à cabeça e quando se lhes pede para papaguearem algo que interessa aos negócios dos donos, como, por exemplo, gritar viva o Farouk Hosni, ou ficam calados ou gritam outra coisa qualquer, disparatada, como viva o Benfica. É verdade que há papagaios que são um bocado arrogantes e até muito irritantes, mas os donos abusam quando se armam em ditadores. É que os papagaios também têm limites e Farouk Hosni são duas palavras difíceis de dizer, primeiro porque são egípcias e os bichos não sabem todas as línguas, depois, porque abrir o bico para soletrar o nome de um anti-semita até eriça as penas dos papagaios.
O caso do Manuel Maria Papagaio é paradigmático. Não cumpriu as ordens do dono e foi abandonado ao seu destino. Resta-lhe escrever mais um livro, que é coisa que sempre faz quando se sente injustiçado ou quando não compreende que o dono tem outros animais domésticos em lista de espera para ocuparem os poleiros dourados. Agora, das duas uma, ou se cala de uma vez por todas e o dono ainda o coloca no poleiro de uma empresa pública, ou começa a gritar e a fazer parvoíces e sujeita-se a ser enviado para a presidência da administração de uma empresa amiga no Brasil ou em África, como aconteceu ao Vara que treme mas não cai. Uma coisa é certa, se for um papagaio esperto, como parece que é, tal como os outros da mesma espécie, ainda terá direito a uma indemnização para comprar um programa de televisão para a Bárbara se pavonear.

2 comentários:

  1. ...que o homem "papagueia", e é vaidoso, sei-o bastante bem pois, com ele trabalhei no MC cerca de três anos. Mas que tem "papaguear" próprio e asas para voar para onde lhe apetece, há que reconhecê-lo, como prova a sua auto-demissão do governo de Guterres porque não foi concedido ao orçamento da cultura o mínimo de 0,5%. E também não irá calar-se, antes pelo contrário, como já se percebeu ao afirmar há dias, em entrevista ao Expresso, que "O país é melhor do que a política", opinião que, aliás, não subscrevo, pois acho que o país também não é grande coisa. Sobre o episódio que conduziu à sua saída de Paris, admito que um embaixador tem de papaguear as instruções do governo, e demitir-se se não o quiser fazer. Ora Carrilho neste caso deveria ter voado logo para outro ramo e não o fez. Enfim, o desfecho este episódio apenas vem confirmar o "centralismo democrático" que impera em todas as gaiolas partidárias.

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