segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Os papagaios mais notáveis do ano

O ano de 2011 vai terminar marcado por um tsunami de aves de rapina que devastou completamente o jardim à beira-mar plantado. A passarada anda desolada. Vai ser difícil reconstruir os ninhos nos próximos tempos, a falta de milho é uma dor de cabeça e os pardalitos que nada têm para debicar foram aconselhados a emigrar para outras paragens.

Mas nem tudo é mau. A nossa colecção ficou mais rica de notáveis papagaios de todas as cores.

O senhor PPP

Uma vara no lombo ainda era pouco

A desatinada

A nova imagem do PS

A mãe galinha

O negócio do ano

O advogado mais procurado

A maior dor de cabeça

O Bronco

Um caso perdido

O pai de todos

O banqueiro do século

A desilusão

O maior parolo

O palhaço mais orelhudo

O maior desastre

O mais inseguro

O emblema dos empresários portugueses

O coveiro do povo

O rebelde

O maior nabo da década

A couve mais deslambida

O mais tranquilo perante o desastre

Com este zorrinho não vão lá

O condenado à prescrição


sábado, 15 de outubro de 2011

Os FP que paguem a crise!

Quando o P (de primeiro) com aquele bico de papagaio desmiolado veio anunciar que os FP vão ser obrigados a contribuir para a redução do défice das contas públicas, ou seja a dívida pela qual todos os portugueses são responsáveis, mas só alguns têm pago, a passarada ficou completamente em êxtase. Bateu asas em voos acrobáticos, antecipou a festa do S. Martinho e rodopiou freneticamente até à exaustão. Numa noite passada em claro, com a excitação da decisão, o piar de ordem não podia deixar de passar pelo slogan: os FP que paguem a crise! E a festa foi de arromba.
Finalmente, parecia que os FP iam ser obrigados a restituir, até ao último grão, todo o milho que andaram a roubar nos últimos anos, e até um entusiasmado jovem papagaio cor-de-laranja lançou para o espaço a ideia dos ditos cujos serem penalizados tendo em conta as malfeitorias com que levaram o país à beira da bancarrota. Todos os papagaios de colarinho branco e bico dourado, os das ilhas e os do continente, iam ser depenados e engaiolados como manda a lei mas também a moral de uma fauna que se quer decente.
O problema foi quando, depois de um sono bem agitado, a pensar no milho e nas pevides que alimentam o espírito e sossegam o estômago, a dita passarada despertou para a realidade. Ninguém tinha percebido a mensagem do P. Com efeito, não se confirmava que era aos denominados, e bem, FP de bico dourado que iam ser retirados os subsídios com que se levam os pintainhos a banhos ou se lhes compra os balões que costumam descer pela chaminé no dia do nascimento do inventor deste jardim zoológico à beira-mar plantado. Afinal, eram os FP, mas os FP do costume, ou seja, eram os bandidos que comem tudo e não deixam nada; que não servem para nada; por quem ninguém tem respeito e a quem, a toda a hora, se lhes enfia o dedo na cloaca, com o maior desplante, a maior sem-vergonha e sem qualquer receio de uma bicada mais violenta.
Moral da história: os FP de bico dourado vão continuar a pavonear as penas sem que nada lhes aconteça e os funcionários públicos, mais uma vez, vão pagar o pato sem sequer se atreverem a piar.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Os papagaios regressaram à capoeira

Os papagaios regressaram à capoeira e o seu cacarejar deixou a passarada completamente de bico aberto e com as asas agarradas às penas da cloaca. Afinal, remetidos os empenachados cor-de-rosa para a plateia da oposição, os passarinhos esperavam alegremente ter-se libertado do pesadelo que os perseguia há vários anos e alimentavam a expectativa de poderem voltar a sonhar com uma floresta protegida das aves de rapina. Mas, com o corte de 50 por cento do milho reservado para as comemorações do nascimento do criador imposto logo na primeira intervenção cor-de-laranja, pintassilgos, canários e outras aves de porte mais frágil perceberam que o chilrear de faca na liga vai continuar a manter-se como a cantiga nacional e que o melhor que têm a fazer é arribarem para outras paragens ou prepararem-se para os voos rasantes à capoeira para expelirem a sua revolta sobre os novos empoleirados. E é pena. É pena porque as aves, completamente depenadas, já não aguentam mais; e é pena porque se esperava uma mudança de política zoológica nacional mais radical e com mais imaginação.
Teme-se que a redução da ração de milho, das pevides e de outras sementes indispensáveis no menu da bicharada venha a constituir uma verdadeira catástrofe para a preservação das espécies. E teme-se que os urubus se mantenham à espreita.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Papagaios que insistem em não abalar


Os papagaios andam mais calados, mas duvidamos que alguma vez se calem. Os cor-de-rosa andam murchinhos, e com razão. Foram apeados do poleiro e perderam o seu leader, que está a fazer a mala para voar ao encontro da meditação sobre a origem e destino das aves de rapina. Por sua vez, o Seguro (que morrerá de velho sem lá chegar?) procura no galinheiro garantir o prémio que cubra os estragos das eleições no Zoo e o São Francisco Assis, imbuído da sua fé, empenha-se na reunião de todas as aves depenadas pelos novos ventos dominantes, e promete-lhes o Céu e a terra, mas também o perdão dos seus pecados e a renovação da esperança. Quanto aos cor-de-laranja, ainda em estado de graça e aparentemente serenos no bater de asas, descalçaram, sem grandes prejuízos, a nobre bota onde começaram por meter as patas e, de momento, aproveitam para cacarejar pouco porque não há tempo para abrir o bico.
A passarada está expectante, algumas espécies, erradamente, acham até que os urubus foram definitivamente rapinar para outras bandas e começa a ouvir-se um ligeiro mas esperançoso chilrear das aves canoras.
Mas, nesta Primavera tardia, há papagaios que insistem em não abalar, mantendo um ruído insuportável, descabelado e até ofensivo para a inteligência das outras aves, em canais mal sintonizados com as novas ondas hertzianas que cobrem o espaço do zoo. É o caso do Emídio, um depenado orelhudo, que não pia uma para a caixa, que nunca se percebeu porque lhe deram autorização para abrir o bico e que continua a ser chamado para cantar de galo no festival da TV pública.
O prós e contras é necessário manter-se porque o contraditório alimenta e dá saúde à democracia, mas está na hora de calar alguns destes indigentes, que já não é possível ver e ouvir sem vomitar. Há que abrir um novo espaço a bicos jovens, desenferrujados, mais inteligentes e menos conotados com gurus e liturgias que passaram à história. E também há Fátimas que já pregaram o suficiente e que bem podiam voar para outras paragens, porque não se sentiria a sua falta nem a dos seus convidados habituais.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Sócas o papagaio filósofo


O Sócas, após ter sido corrido do poleiro, decidiu meditar sobre o que correu mal no seu desempenho como primeiro papagaio. Sentado à frente da máquina do tempo, olhou o buraco negro que deixou atrás de si, e, de início, não foi fácil perceber a razão da sua sentença de morte. Incrédulo e magoado com a condenação, mas convicto das suas virtudes, ao contrário do seu homónimo grego, optou por fugir para um convento, em Paris, tal como já haviam feito os seus antecessores - um para Bruxelas e o outro para os confins do mundo dos refugiados.

A maiêutica socrática, que tão bem tinha resultado durante anos, designadamente ao convencer a passarada a não ter dúvidas sobre os seus argumentos e as suas teorias de que era capaz de fazer de um jardim arruinado o paraíso, embateu na parede de uma democracia que nunca foi capaz de aceitar e que, de resto, sempre considerou uma hipocrisia aristocrática.

Sem nunca ter tirado um curso, a não ser o das novas oportunidades que a universidade independente vendeu a muitos cucos irresponsáveis, Sócas tomou a grande decisão da sua vida: regressar aos livros para estudar teologia e tentar descobrir as razões porque se tornou num sofista de retórica fácil; porque se recusou sempre a respeitar os preceitos morais, bem como as regras que determinam a justiça das relações políticas e sociais; porque guiou sempre, e apenas, o seu comportamento de acordo com as suas conveniências mais mesquinhas; e, finalmente, porque nunca foi capaz de entender que a sua própria ignorância só o podia conduzir até à dita sentença de morte.

Antes de partir, com uma lágrima marota no bico, ainda teve tempo de se despedir dos papagaios cor-de-rosa com um sentido “adoro-vos”, que é como quem diz: até ao meu regresso. Quanto à passarada, apesar de condoída com o seu afastamento voluntário, espera que estude muito; que no fim dos seus estudos vista o hábito e o capuz de franciscano e que, definitivamente, vá pregar para um zoo longínquo.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Ana papagaio brilha no tiro ao alvo


As eleições no Zoo terminaram num vendaval que deixou os papagaios cor-de-rosa completamente depenados, e alguns deles, os que fizeram tudo o que estava ao seu alcance para não serem arrancados do poleiro, acabaram mesmo degolados. Pode dizer-se que aconteceu uma carnificina atroz, com voos suicidas em direcção às árvores, muitas lágrimas a escorrerem pelos bicos e o desespero de uma inevitável travessia do deserto cujas consequências certamente deixarão muitos papagaios com as patinhas fora do tacho e outros com as asinhas implacavelmente chamuscadas.
Entretanto, curiosamente, enquanto alguns deles procuram minimizar os estragos, reunindo-se num esforço meritório para encontrar aquele que os pode conduzir à recuperação do poleiro, outros – os que andam ao milho na União Zoológica Europeia, e talvez porque as empresas de sondagens e os meios de comunicação ficaram totalmente arrasados pela tempestade – ainda não tiveram notícia da tragédia e, por isso, mantêm-se no seu cacarejar convicto, como se tivessem, mais uma vez, conseguido enganar os passarinhos de cabeça oca.

É o caso da Ana papagaio, uma ave de bico sempre aberto e pronto para desferir bicadas em todas as direcções, que fez chegar um pombo-correio ao Largo do Rato com uma mensagem onde recordava as velhas malfeitorias de um papagaio armado em pavão e aproveitava para recomendar que o não convidassem para integrar o novo governo cor-de-rosa – iniciativa que deixou o visado de penas em pé e mereceu a pronta e indignada reprovação do Lello papagaio, uma ave de rapina aciganada que sempre primou pela boa educação, designadamente quando, em tempos, de forma cortês, a terá equiparado a um rottweiler à solta ou quando, num cumprimento delicado, fez o obséquio de chamar foleiro ao cavaquinho sem cordas.
Estamos certos que os papagaios cor-de-rosa, que tanta falta fazem ao sobe e desce do poleiro, depois de ultrapassarem a crise antropofágica, hão-de voltar com a penugem já brilhante e os bicos bem afiados para acertarem contas com os rivais cor-de-laranja e mimosearem o Coelho nos seus primeiros passos como o novo rei da selva.

domingo, 29 de maio de 2011

Os papagaios em campanha

Na campanha para ocupar o poleiro, os papagaios de todas as cores cacarejam que nem galinhas à beira da degoladura e a passarada anda completamente gaseada. A bicharada tem sido sujeita aos efeitos devastadores de um autêntico vendaval de impropérios, mentiras, jogos sujos e dislates que têm contagiado as aves depenadas deste miserável galinheiro. São de facto extraordinárias as cenas reportadas pela comunicação zoológica: aves sob o temporal a zurrarem como cavalgaduras seviciadas pelos donos; aves indigentes, sem ninho, sem milho e sem forma de o ganhar, a debicarem com veneração ósculos húmidos em imagens dos papagaios que mais os têm desprezado; aves alucinadas a arrancarem as penas para ver passar os empenachados que nos últimos anos desfalcaram o celeiro; aves de continentes distantes, de turbante e asa estendida a uma sopa ou uma autorização de residência; e outras cenas de meter dó ao diabo e de envergonhar o Criador.
Alegria forjada, música rasca, bandeiras e muita fé nas baboseiras dos papagaios que prometem este mundo e o outro tomaram conta deste decadente pedaço de terra à beira-mar, onde a estupidez galopante e a demência atroz grassam como uma espécie de epidemia que ameaça levar à extinção todos os bichos cobertos de penas.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Os 12 mandamentos da campanha dos papagaios cor-de-rosa






Tal como Hitler, o primeiro papagaio concluiu que a propaganda era o meio mais eficaz para se manter no poleiro. E, para levar a efeito esse desígnio, montou uma banda bem orquestrada para tocar religiosamente os principais acordes que estruturam uma campanha eleitoral de cariz fascizante, introduziu-lhe algumas das notas com que se vendem os sabonetes e mandou escrever tudo em letra de forma
Os 12 mandamentos
1 – Construir artificialmente a ideia de unanimidade à volta do primeiro papagaio;
2 – Organizar brigadas de comissários políticos responsáveis pelos grupos nacionais de aves agitadoras, à boa maneira dos bolchevistas;
3 – Assegurar nos meios de comunicação social a criação de um cacarejar público favorável à armadilha cor-de-rosa;
4 – Explorar sem quaisquer escrúpulos a miséria das famílias de aves desprotegidas, a insegurança crescente da passarada, o medo do desemprego e a entrada do FMI no galinheiro nacional, como meios psicologicamente úteis à manipulação do receio perante a mudança, bem como utilizar as chamadas «personagens piloto», como os elementos da fauna dedicada ao desporto, à escrita, à arte e outras águias respeitadas e admiradas por aqueles que é necessário atrair à dita armadilha;
5 – Baseado na visão de Tchakhotine, estruturar e sistematizar um cacarejar tendente à interiorização da ideia de: ou nós ou o caos – nós somos a única força capaz de salvar o zoo, e por isso a maioria dos pardalitos está connosco – junta-te aos vencedores se não queres que te cortem as asas;
6 – Não reincidir na apresentação de um programa eleitoral concebido para não ser adoptado, mas optar pela promessa da salvação nacional e limitar-se a projectar críticas no programa dos papagaios cor-de-laranja;
7 – Baseado na teoria mussolinesca, de que os galináceos de cabeça oca estão surpreendentemente dispostos a acreditar em todas as tretas, criar a ilusão de que as propostas cor-de-rosa são mais sensatas e de acordo com as aspirações da passarada;
8 – À boa maneira dos regimes ditatoriais, teatralizar os aparecimentos em público do primeiro papagaio e dos restantes candidatos regionais, com todos os meios necessários à aglutinação e excitação das aves presentes e ausentes;
9 – À boa maneira do Estado Novo, fazer deslocar dos seus ninhos o maior número de bicos, votantes ou não, para simular adesão e estimular os indecisos e os imbecis a apoiarem as suas ideias;
10 – De acordo com o método utilizado por Hitler, nos seus encontros com as massas, orientar o canto segundo duas atitudes psicológicas antagónicas: uma, responsável por incutir o medo, outra, por estimular a agressividade. O medo que permite inibir o sentido crítico, a agressividade que exalta o sentido do bando; 
11 – Edificar uma estrutura de persuasão baseada na lei da simplificação:

   a) Apontar o candidato cor-de-laranja, como o único inimigo e representante da asa direita em geral;
   b) Sistematizar os pios de apelo ao voto no menor número de pontos:
          - Dramatização da não aprovação do PEC4 e o consequente derrube do poleiro dos papagaios cor-de-rosa;
          - Simulação da defesa do galinheiro social;
          - Simulação da defesa da Constituição como documento litúrgico, inatacável;
          - Simulação da defesa do ensino público e da saúde tendencialmente gratuita para todos os géneros e espécies de aves, quaisquer que sejam as suas posses;
          - Exploração da inexperiência/impreparação do inimigo cor-de-laranja;
          - Simulação da manutenção das receitas do milho impostas, tal como estão actualmente definidas.

c) Repetir os pios eleitorais até à exaustão;
d) Atribuir ao dito inimigo as culpas dos seus próprios erros de governação do zoo;
e) Assegurar a máxima rapidez na exploração das gafes ou das propostas do inimigo cor-de-laranja, procurando identificá-las com a sua impreparação e a sua opção dita capitalista ou neoliberal;

12 – Definir uma estratégia de contrapropaganda:
a) Criticar ferozmente todas as propostas do inimigo cor-de-laranja, procurando descredibilizá-las;
b) Atacar sem contemplações os supostos ou, se for caso disso, inventados pontos fracos do inimigo cor-de-laranja.







sexta-feira, 20 de maio de 2011

O carnaval dos papagaios



Este ano, excepcionalmente, o período carnavalesco vai arrastar-se até ao dia 5 de Junho. A Europa está estupefacta e a Merkel papagaio já mandou um recado: nós, os arianos, a trabalharmos que nem mouros e vocês, os verdadeiros mouros, aí no bem-bom, a divertirem-se ao carnaval, como se tivessem olhos azuis e penas louras. Era só o que mais faltava!

O certo é que não há quem pare as arruadas de papagaios mascarados de tudo e mais alguma coisa e de acordo com as ambições pessoais de cada um. Pardalitos armados em pavões são aos bandos a esvoaçar por tudo quanto é sítio; aves de asa direita disfarçadas de asa esquerda democrática, outras de extrema-esquerda a simularem voos de esquerda moderada e até fascistas a fazerem-se passar por democratas.

Mas, o mais curioso é o colorido desta fantochada, onde nenhum papagaio assume as penas que carrega. Até aqueles que possuem penachos cor-de-laranja e cor-de-rosa estão a tentar tingir a penugem. É o caso do papagaio que se diz preto por afinidade e o outro, o rei do disfarce, que, em resposta ao primeiro, já se prepara para surpreender tudo e todos quando surgir de rastas ou carapinha e bico achatado, arrastando atrás de si um número considerável de passarinhos negros que se juntarão aos papagaios tailandeses, de turbante e tudo, e à brigada do reumático que já o segue para todo o lado, de chinelo na pata, empoleirada em bengalas e arrastando as próteses, num sacrifício memorável, para não dizer heróico, que justifica umas passeatas fora da gaiola, uns almoços de sementes de gergelim e algum do milho que vai rareando neste zoo.  

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Há papagaios que não se enxergam


Se há papagaios que adoram poleiro são os que procuram as feiras para se pavonear. São uma espécie interessante que percorre todas as romarias sem olhar a distâncias. Perto ou longe, lá voam eles a toda a velocidade, arrebitando as penas e batendo as asas para chamar a atenção do maior número de aves, sejam elas canoras, de rapina ou mesmo agoirentas, com as quais trocam mimos, debicam xoxos e apertam as asas com uma sinceridade que chega a ser entusiasmante.

Curiosa é a cenografia que normalmente montam e os adereços que usam, sempre de acordo com as características populares e folclóricas das várias regiões do zoo, onde aproveitam para arrastar a asa por memórias antigas, eternamente repetidas e que, inevitavelmente, servem para evocar a agricultura de subsistência e a nostalgia das sociedades medievais.

O problema é que estas aves de arribação, conhecidas que são, de ginjeira, por se disfarçarem de regedores revoltados com os dois milhões de hectares de terras abandonadas, não têm tido muito sucesso nem angariado muita simpatia por parte daqueles a quem, manhosamente, tentam inculcar a ideia revolucionária de que a terra é de quem a trabalha.

Mas, desta vez, as eleições vão ficar marcadas por uma surpresa. Pelo menos esta é a promessa de um papagaio que decidiu fazer uma mudança radical no que diz respeito à estratégia para convencer, sobretudo, as aves de cabeça oca a seguirem-lhe o rasto. O percurso das feiras e das romarias vai manter-se, os ditos adereços – chapéus, bonés e boinas – também vão continuar a ser a imagem de marca, no entanto, numa genial mutabilidade camaleónica, e para chamar a si os trotskistas, este papagaio decidiu mascarar-se de Miguel, o seu irmão careca e um dos principais promotores da teoria da terra queimada.

Quem sabe ele consiga a proeza de reunir cristãos, judeus, muçulmanos, fascistas, centristas, sociais-democratas, socialistas e comunistas… Não sabemos é como irá disfarçar a voz de falsete. Talvez bebendo umas quantas garrafas de bagaço e fumando, de preferência muito, tabaco ou outras ervas importadas.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Os papagaios lambe-botas


Há muito tempo que desejávamos enriquecer a nossa galeria com papagaios portadores de distorções genéticas assinaláveis. E, desta vez, conseguimos adquirir dois interessantes exemplares. Trata-se do Nico-lau e do Mete-lo, duas aves que se vendem às esquinas das ruas, que assumem a postura dos palhaços e dos quais grande parte da passarada já está farta de ouvir cacarejar loas à incompetência daqueles que têm desgovernado o zoo ou a fazer coro com os que têm comparado o FMI ao Frajola que come piu-pius.

Ligados à comunicação social zoológica, ambos sobrevoam o BE A BA da economia subterrânea e, do alto das suas tribunas, enjoados com o seu próprio hálito, é normal vomitarem as alarvices que lhes são recomendadas pelos comparsas cor-de-rosa que os ajudaram a sair da casca e que os têm amparado ao longo de uma vida de indigência ética.
Um deles, com o seu sorriso imbecil, normalmente enforcado em laços à gato de todas as cores e feitios, como se aquele adorno lhe mascarasse o bico caricato ou lhe conferisse uma autoridade intelectual que nunca teve, nem nunca terá, limita-se a passar a asa nas penas de uma trupe de papagaios que tem esvaído o celeiro da pevide e do milho necessários à manutenção do zoo e à preservação de uma fauna em perigo de extinção; o outro, menos apalhaçado, substancialmente mais vesgo, e até um pouco mais sabujo, mas não menos imbecil que o primeiro, decidiu assumir a trágica obrigação de lamber, quando não chafurdar, as feridas da dita trupe, numa tentativa desesperada e ridícula de manter vivo um cadáver que já devia estar a fazer o tijolo normalmente utilizado na edificação dos muros onde se celebra o desaparecimento dos políticos de má memória.
Curioso é ambos aparentemente não meterem as patas nos recursos públicos. Mas também não deixa de ser verdade que este constitui o seu verdadeiro disfarce. Isto porque não é difícil perceber que os papagaios de alto penacho sabem que não podem desprezar os doentes atingidos pelo esquerdismo crónico e obsessivo, nas variantes entre o bacoco e o esquizofrénico, o que significa que, para continuarem a sobreviver no mercado da comunicação obtusa, são obrigados a alimentar a chamada pluralidade democrática e, neste contexto salutar da maior hipocrisia, não têm pejo em dar espaço para voar a urubus da estirpe lambe-botas como são os casos dos nossos Nico-lau e Mete-lo.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Papagaios de faca na liga


O papagaio aciganado, mais conhecido por Lello, é uma ave de faca na liga que normalmente esvoaça sobre as estrumeiras à cata de tudo o que mexe. Grande, míope e desajeitado, onde quer que surja, faz sempre estragos. Trata-se de um papagaio cor-de-rosa, sem maneiras, habituado a escarafunchar no lixo para sobreviver, e há muito que é estudado por um grupo de cientistas que procura descobrir se tem cérebro ou caca de galinha na cabeça. Ignorante quanto baste para exercer cargos em associações de malfeitores, o dito Lello já esteve ligado à área da máfia desportiva, embora actualmente se dedique mais à participação em concursos de flatulência, onde dá largas à sua tendência para descarregar em cima dos adversários e, se for caso disso, dos papagaios da sua própria espécie. De resto, uma das suas particularidades é, com alguma frequência, alçar as patas para expelir gases sobre os seus correligionários. Que o diga, por exemplo, a sua amiga Ana, a quem se referiu como uma senhora excitada, pior que um rottweiler à solta, ou que o diga o poeta alegrete, que considerou um papagaio sem carácter.
Mas, o comportamento do Lello tem uma explicação plausível. Em tempos que já lá vão, e numa voz de peru embriagado – quando ainda sonhava com uma carreira de trovador de meia tigela –, ele próprio refere o bairro da lata onde viveu marcado pela sorte ingrata. Por isso, e tendo em conta a sua origem social, é possível perceber os seus princípios e porque não desculpar algumas das suas baboseiras? Até porque nem tudo é verdadeiramente mau quando analisamos friamente este animal coberto de penas. Basta atentar na sua extraordinária sensibilidade, quando, de forma destemida, se atira à palavra, em frases de grande exaltação estética, para arrancar das entranhas poemas como aquele que fala dos olhos que morrem alguém peixe seco das maresias, ou daquele que, de forma ternurenta, dedica ao Miguel:
[…]
la, la, la, la, la, la, la, la, la, la …
choro quando tu choras
eu sonho quando tu sonhas
porque sou pai de ti, Miguel
porque sou pai de ti, Miguel
la, la, la, la, la, la, la, la, la, la …
Que eu estou voando por ti, Miguel
[…]

terça-feira, 19 de abril de 2011

Papagaios à pesca do milho-voto


Na nossa galeria temos papagaios de muitas espécies, algumas vulgares, outras menos e outras ainda, pode dizer-se, raríssimas e de valor inestimável. O último que colocámos na moldura é um daqueles muito raros. De tal modo que o fomos encontrar abandonado no lixo da política. Um papagaio que já cacarejou o que tinha a cacarejar e que insiste em não fechar de vez o bico. Chegou a ocupar o poleiro da capital e imaginou que podia voar mais alto agarrado às asas do pai, mas acabou por se estatelar contra um muro, de resto, experiência pela qual, em tempos, já havia passado quando, num voo suicida sobre a floresta africana, ia acabando completamente depenado. E, felizmente, para os algarvios foi uma sorte que não tenha desaparecido entre as árvores, já que, sempre que se aproximam eleições, com o seu herdado ar cínico e bonacheirão, a fingir-se culto, simpático e amigo dos amigos e dos inimigos, aproveita para realçar o seu apego à passarada do sul, de quem, desinteressadamente, aguarda recolher algum do milho com que alimenta a esperança de não se apagar definitivamente do planeta.
E, aliás, como defendem alguns papagaios cor-de-rosa, é justíssima a sua escolha para representar a província à qual tantas ligações afectivas tem. Basta lembrar que a ave que chocou o ovo donde ele haveria de despontar é natural da Fuzeta. Também não é de menor importância o facto de a família ter um ninho bem situado na praia de João de Ourém, onde, ainda pequenino, ele gostava de molhar as patinhas na água salgada e onde, à babujem, em corridas palpitantes, já ia abrindo as asinhas, permitindo que adivinhássemos os sonhos que tinha com os altos voos, mas que, submetido ao peso da sombra do papagaio de todos os papagaios, nunca foi capaz de concretizar.
E é pena, porque o Jô era o papagaio ideal para elevar o Algarve à capital da cultura e para o fazer subir ao patamar mais alto do pódio dos centros pesqueiros do mundo. Não podemos esquecer como, há cerca de um ano, na véspera de umas eleições para o jardim zoológico europeu, num ou outro contacto com os media, alardeou o seu conhecimento profundo sobre a obra de Manuel Teixeira Gomes, um republicano que mereceria honras de uma justa homenagem a que ele, já com o milho-voto no papo, não ligou pevide. E não podemos esquecer, agora na antecâmara de mais uma caça ao dito milho-voto, o seu entusiasmo com a ideia de que os algarvios vão poder ficar na história quando, concertados com os japoneses, se dedicarem à pesca do atum, que já pouco passa pela nossa costa, e da cavala, que é um peixe com uma alta cotação no mercado, de tal maneira rentável que, quem sabe, possa vir a resolver o problema da dívida soberana e acabar com a doença crónica do deficit do zoo.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Os papagaios e o seu gosto pelo poleiro

Ao fim de um tempo a estudá-los, já tínhamos percebido que há papagaios de muitas espécies. Uns com muitas penas, outros completamente depenados; alguns pavoneiam penachos de todas as cores, enquanto outros se limitam a uma única coloração. Também se diferenciam tendo em conta as características do voo e as dimensões do bico. Por exemplo, uns voam baixinho, outros são capazes de voar mais alto, uns apresentam bicos maiores e agudos, outros mais pequenos e rombudos. Mas, se há coisas que podemos dizer comuns a todos é o gosto pelo poleiro. Todos adoram assentar as patas no poleiro e alguns, quando incitados a voar para outras paragens, resistem e resistem, normalmente vocalizando sempre os mesmos ruídos, como se tivessem engolido uma cassete estragada, arriscando mesmo a vassourada daqueles que já não suportam continuar a aturá-los.
Depois há umas espécies que, não sendo iguais, fica sempre difícil descortinar-lhes as diferenças. E este acaba por ser um exercício que exige muita atenção.
Vejamos os casos dos papagaios que vão disputar a capital do zoo. Um caracteriza-se pela nobreza de carácter, o outro pelo carácter ferrugento. Um é completamente independente, habituado a ser um papagaio do mundo e a voar para onde se encontrem vidas em risco. O outro é um papagaio estranhamente dependente dos amigos cor-de-rosa e o mais que conseguiu voar foi até Paris, onde ninguém sabe o que terá lá ido fazer. Por outro lado, ao contrário do primeiro, este, tem no currículo a mácula de, um dia, não ter voado em socorro de um bando de aves inocentes, deixando-as cair na rede de passarinheiros malvados que acabaram a banquetear-se com eles.
Bem, depois há outras diferenças que, parecendo pequenas, não deixam de ser enormes. Se repararmos, um aponta o dedo no sentido do futuro, enquanto o outro se limita a encerrar esse futuro entre dois dedos.

terça-feira, 29 de março de 2011

Papagaios seguem os passos do coelho


Os pardaliros inocentes há muito que são massacrados por papagaios cor-de-rosa. Dir-se-ia até demasiadamente massacrados. Mas, quando, por obra e graça do PEC4, se afigura a possibilidade de se verem livres daquela praga, eis que a ameaça de invasão de papagaios cor-de-laranja os deixa à beira de um violento ataque de nervos. 
A verdade é que ainda agora os penachos cor-de-rosa não foram completamente tosquiados e já as picaretas falantes abrem buracos na paciência das aves pacientes.
Mais do que estar sempre a espingardar na direcção dos papagaios ainda no poleiro, era preferível mandar calar as ditas picaretas falantes, sempre a martelarem em baboseiras que não credibilizam aqueles que afirmam estar preparados para governar o zoo, e só desbaratam os passos de mágica, ainda trémulos, do coelho que acabou de sair da cartola.
Basta de varinas.
Basta de varinas que apregoam um peixe que já ultrapassou a data limite para ser consumido. E basta de varinas armadas em damas ofendidas.
Era necessário um golpe de asa. E era necessário que o coelho saísse da sua cartola, dando os passos certos em direcção a novos paradigmas, onde não houvesse lugar para papagaios nem para as de aves de rapina.
E era sobretudo necessário engaiolar todos os papagaios de avental, quaisquer que fossem as suas cores, para se evitar que continuem a arquitectar os seus ninhos de ouro à custa das aves que, já depenadas, não vislumbram senão mais impostos, mais desemprego, mais corrupção, mais negócios fraudulentos, mais assaltos ao erário público, mais dívida pública, mais juros, mais marteladas no orçamento, mais injustiça e mais miséria.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Os papagaios no poleiro instável


A estabilidade é o argumento dos argumentos. É o argumento que encima o altar dos crentes e dos fiéis e é o ninho cor-de-rosa, construído de PECs e orçamentos, cimentado de promessas e mentiras, que se compromete a assegurar a estabilidade da instabilidade de uma nação de aves de cabeça oca.
Estabilidade é, afinal, o argumento que assegura imobilidade, e esta é uma espécie de milho envenenado com o qual os papagaios autocratas alimentam os cucos manhosos e os milhafres sempre à espreita de cadáveres, mas também os pardalitos medrosos e os párias que não têm onde cair mortos. Por outro lado, e acima de tudo, este é o milho que sossega as incomodadas águias-reais-europeias sempre disponíveis para desvalorizarem a qualidade de vida da passarada, já de si tão anafada como a deste longínquo zoo plantado na costa mais ocidental do seu território de caça.
OU NÓS OU O TERRAMOTO, SEGUIDO DO INEVITÁVEL TSUNAMI!
 Afirmam os ditos papagaios numa gritaria ensurdecedora para convencerem as aves que não sabem voar e sobretudo para descredibilizar aquelas que se atrevem a bater as asas.
NÃO PRECISAMOS DE NINGUÉM, NEM ESTAMOS DISPOSTOS A QUE NOS AJUDEM A FAZER AQUILO QUE JÁ DEMOS PROVAS MAIS DO QUE SUFICIENTES DE NÃO SABERMOS FAZER!
Barafustam incansáveis as aves de rapina aterrorizadas com a possibilidade do escrutínio independente destapar as tocas onde têm escondido o produto dos seus assaltos a este celeiro já completamente depauperado.
NÃO APOIAREM AS NOSSAS TRUCULÊNCIAS É CONTRIBUIREM PARA UMA CRISE COM CONSEQUÊNCIAS DEVASTADORAS PARA A VOSSA JÁ PRECÁRIA CAPACIDADE DE SOBREVIVÊNCIA!
Teatralizam os mesmos papagaios a tragédia que, para si, constitui a democracia, o voto e a alternância no poleiro.
E há papagaios de bicos rechonchudos, com aquele olhar peculiar dos antropófagos, que repetem até à exaustão os argumentos da verdadeira e natural estabilidade de um zoo inanimado.
E o pior é que também há passarinhos que acreditam no destino e nos papagaios. 

quarta-feira, 16 de março de 2011

O papagaio da sustentabilidade insustentável


O papagaio da sustentabilidade, aquele que, em tempos, afirmou ter descoberto a fórmula para garantir por 100 anos a segurança social e que, há uns tempos, veio publicamente retratar-se ao confessar que, afinal, essa fórmula era apenas uma anedota que tinha contado para distrair a passarada já reformada, ou a pensar reformar-se, e caçar-lhes os votos necessários para continuar a arrancar-lhes as poucas penas que lhes restam, é o mesmo que, mais recentemente, voltou às charadas de mau gosto quando, de forma descarada, veio garantir a dita sustentabilidade do sistema até 2050. E é o mesmo que, depois de ter feito o trabalho sujo do aumento da idade da reforma, compensado este com a redução do valor dessa mesma reforma, e outras tropelias que têm segurado o voto dos incautos atormentados com a ameaça de um dia deixarem de receber o milho que mal lhes garante a sobrevivência, se transferiu para o poleiro da economia. E fez muito bem. Afinal, num país em que a economia está totalmente parada, para não dizer desconchavada, este é exactamente o lugar certo para uma ave de cabeça oca, incapaz de voar e, em suma, uma abécula nitidamente cansada de tanta trafulhice e de tanta incompetência.
Há muito escondido no seu ninho, a aguardar a reforma que planeou, sem ter necessidade de trabalhar até aos 65 anos, como, por enquanto, a maioria das aves deste zoo – era mesmo só o que mais faltava –, deu um ar da sua graça ao colocar a crista de fora para, com um bico só equiparado ao do Pinóquio, dizer que faltava bom senso aos camionistas em greve, porque não estavam a contribuir para a dita economia, esquecendo-se que estes, agrilhoados com impostos sobre impostos, mais scuts e mais turbulência nos mercados dos combustíveis, mais dia, menos dia, vão ser definitivamente forçados a deixar de trabalhar.

sábado, 12 de março de 2011

Um papagaio armado em porco


O nosso zoo não é, de facto, a Tunísia, nem o Egipto. E não é porque, depois de um jovem sacrificar a sua vida ao emular-se pelo fogo, o ditador Ben Ali caiu do poleiro. E também não é a Tunísia porque a revolta popular, organizada na chamada «Caravana da Libertação», continua a sua marcha em direcção à capital para varrer definitivamente o regime de malfeitores. Mas, temos que admitir que também não é o Egipto porque Hosni Mubarak, ao fim de 30 anos a cantar de galo, foi capaz de compreender que não valia a pena resistir aos «Dias de Fúria» de uma juventude sedenta de liberdade e de democracia, e caiu.
Porém, já dizer-se que o nosso zoo não é à Líbia, é não querermos ver um papagaio armado em porco.


O porco está disposto a sacrificar o seu povo para salvar a tromba; do mesmo modo, o papagaio armado em porco está disposto a sacrificar a passarada para salvar o bico. Mas, se a Europa e os Estados Unidos estão em alerta e dispostos a defender os chamados rebeldes líbios das malfeitorias do porco, por sua vez, perante a falência do nosso zoo, o fundo de socorro do euro e o FMI aguardam apenas que o papagaio armado em porco não continue a resistir à sua inevitável entrada.
É certo que o porco entende que ninguém lhe pode tirar o poleiro e riposta com a artilharia pesada, aniquilando todos os que lhe aparecem pela frente; já o papagaio armado em porco, que continua a acreditar que se pode manter eternamente no poleiro, levanta voo, armado de orçamentos, PECs e outras armas letais, e dia sim, dia não, dispara em todos os sentidos, procurando arrasar todas as esperanças da passarada.
A geração de rebeldes à rasca acordou e começa a andar por aí. Porcos e papagaios armados em porcos não têm outra alternativa senão resignarem-se ao espaço da sua pocilga.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Começam a contar-se as armas no galinheiro


Enquanto os papagaios cor-de-rosa se debicam agressivamente a propósito da escolha daquele que preferem para os liderar na luta pela manutenção do poleiro, a galinha mais ladina do planeta não perde tempo a promover um encontro íntimo com António papagaio, como ela refere desinteressadamente, um dos trunfos do Partido Socresta.
Numa conversa tu cá, tu lá, entre uma canjinha, arroz de pato e saladinhas variadas, tudo certamente bem regadinho e pago pelo contribuinte, a dita ladina procura abrir as asas do amigo e este não perde tempo. Humildemente, começa por dizer que nunca acabou nada que tenha começado e, depois, numa síntese só possível a um verdadeiro artista, pinta com realismo o seu auto-retrato ao afirmar que nos últimos 10 anos em que o PS tem estado no poleiro as mudanças têm sido gigantescas. E é verdade. Que o digam os passarinhos públicos, cujo poder de compra recuou os referidos 10 anos; que o digam os velhos e as grávidas, cuja assistência recuou ao tempo da monarquia; que o diga a dívida pública, que regressou ao desgoverno do Afonso Costa; que o digam os operários desempregados, que recuaram à crise industrial do século XIX; que o digam os jornalistas, que regressaram aos tempos áureos do lápis azul; que o digam os alunos e os professores, que recuaram ao tempo do Magalhães e às suas viagens pelo desconhecido; e que o digam todos os pardalitos, que não se cansam de enaltecer as benfeitorias de que têm sido alvo em cada orçamente, seguido de mais um, dois ou três PECs.
Mas, como se não tivesse culpas no cartório, o sem pai nem mãe, com a sua inesquecível experiência de catatua de Estado, associada a uma visão de águia pesqueira, afirma que o zoo está em apuros e avisa que eleições antecipadas não vão resolver nada porque essa é uma solução que pode fazer cair do poleiro a sua família de papagaios e lá colocar uma espécie que, em tempos, sem dó nem piedade, correu à pazada do dito poleiro. Neste contexto, uma plataforma de entendimento entre os papagaios cor-de-rosa e os cor-de-laranja parece-lhe a estratégia mais apropriada para manter o galinheiro em total desordem e por muito tempo. Ideia sufragada por outros papagaios pesados, como o filho do pai de todos os papagaios que acredita que o seguro morreu de velho, o que o leva apoiar um António, o dito seguro, e a virar costas ao outro, o preferido da ladina; ou como o próprio pai de todos os papagaios que já anda a dar catequese numa nova loja discreta, ali ao Bairro Alto, onde as varinas, agarradas que estão a uma tradição que remonta à Idade Média, nunca dispensam o avental.
Mas o António da ladina é esperto. Recorda-se bem de que nem sempre esteve do lado do referido pai de todos os papagaios, admite que o seguro não é velho mas útil em tempos incertos, e não está interessado em ser depenado. Depenado já foi nos arredores da capital e essa constituiu a experiência suficiente para perceber qual é o seu tempo certo, para além de saber perfeitamente que não se deve meter com as levadas da breca das varinas. Por isso, desta vez é provável que consiga acabar o que começou. Mais tarde logo se verá se lhe crescem as asas para voos mais altos.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Papagaio que gosta de circo mas não de palhaços


Medina papagaio, habituado que estava a viajar na carreira dos sábados à noite com outras aves de rapina, abusou da sorte quando decidiu descer o plano inclinado em excesso de velocidade. E acabou esfrangalhado quando aterrou no quintal de um grupo de pedreiros que há muito o tinha sob vigilância e na mira das suas caçadeiras, aguardando apenas a melhor oportunidade para o depenar de vez.
Mas o dito já tinha metido demais o bico onde não devia e, amiúde, atrevia-se a sobrevoar o espaço aéreo de uma propriedade privada de interesses traçados a compasso régua e esquadro, onde o silêncio é a alma do negócio.
É verdadeiramente lamentável que a passarada não possa voar livremente, nem expressar-se de acordo com a sua espontânea vontade de chilrear, mas o Medina abusou. Foi longe de mais na divulgação de dados sobre a verdadeira situação económica do zoo e disparou em todas as direcções sem olhar às cores das penas dos papagaios que lhe passavam à frente, preocupando-se apenas em chamar a atenção para a falta de milho ou em denunciar os devaneios cor-de-rosa, designadamente a propósito dos mega negócios arquitectados para vias de comunicação e transportes completamente desnecessários para uma espécie animal que tem no espaço aéreo a via privilegiada para se deslocar.
E abusou muito quando se atreveu a dizer que gostava de circo mas não de palhaços. E voltou, mais uma vez, a abusar quando comparou esses mesmos palhaços a santolas em vez de os comparar a moluscos de oito pés com enorme capacidade de camuflagem.
Ou seja, abriu demais as goelas.
Mas o abuso que tornou a cantoria completamente insustentável foi quando uma ingrata ave de rapina se armou aos cucos, pondo-se a falar do tempo em que ela própria fazia parte do orfeão dos papagaios cor-de-rosa e a recordar a forma como os já referidos pedreiros arquitectavam o poder no galinheiro, esquecendo-se, de forma imperdoável, do muito que já debicou no milho distribuído à asa cheia pelos amigos do dito orfeão.
Aí, que nem tordos, caíram o Carmo e a Trindade, o Medina, o Neto, porventura o Crespo e sabe-se lá que mais papagaios vão ser arrastados nesta queda.

quinta-feira, 3 de março de 2011

O papagaio de lâmpada fundida



Para infelicidade da passarada, sempre que os papagaios chegam ao poleiro, das duas uma: ou são corpos que reflectem, da luz que incide sobre eles, o amarelo e um pouco de magenta, resultando da soma destas duas cores um penacho alaranjado, ou são corpos que, da dita luz, apenas deixam visível a magenta um pouco já descolorida das suas penas. Mas, o mais estranho é que em ambas as famílias biológicas de vocação governativa há sempre uns iluminados pela subtracção de todas as cores, a que, normalmente, e de forma simpática, se referem os chamados papagaios cinzentos. Agora, o que já não é somente estranho, mas totalmente incompreensível, é a presença terrível dos papagaios fundidos, uma espécie de manchas negras que esvoaçam como aves agoirentas por cima dos passarinhos. E o Valter desasado é uma dessas manchas completamente negras que, em tempos, ensombrou a educação, defendendo com garras e bico as políticas da saudosa Milú, e agora aterroriza os desempregados quando, com o seu ar tranquilo de pato bravo, surge para apregoar o impossível ao garantir que o desemprego subiu e ao mesmo tempo estabilizou.
De facto, como é possível um papagaio fundido, cuja escolaridade já foi posta em causa por demonstrar não sabe ler nem escrever, manter-se vivo e a piar sem se estatelar na matéria orgânica que é vulgar acumular-se por debaixo dos poleiros?

quarta-feira, 2 de março de 2011

Galináceo Nascimento nu e cheio de ronha


Cri cri cri cri qui qui cri qui qui cri FACE OCULTA??!!!
CRI CRI CRI cri cri cri… ESCUTAS????!!!
QUI QUI QUI QUI QUI QUI QUI RI RI RI CRI CRI CRI CRI CRI QUIQUI QUIQUI QUI QUIIIIIIIIII
QUEM MANDA AQUIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII????!!
Cri cri cri criquiqui criquiqui criquiqui SÓ SÓ SÓ SÓÓÓÓÓ CRATES?????????
SÓ SÓ SÓ SÓÓÓÓÓ CRATES?????????
QUIRIQUIQUI QUIRIQUIQUI QUI QUI!!!!!!!!