terça-feira, 24 de maio de 2011

Os 12 mandamentos da campanha dos papagaios cor-de-rosa






Tal como Hitler, o primeiro papagaio concluiu que a propaganda era o meio mais eficaz para se manter no poleiro. E, para levar a efeito esse desígnio, montou uma banda bem orquestrada para tocar religiosamente os principais acordes que estruturam uma campanha eleitoral de cariz fascizante, introduziu-lhe algumas das notas com que se vendem os sabonetes e mandou escrever tudo em letra de forma
Os 12 mandamentos
1 – Construir artificialmente a ideia de unanimidade à volta do primeiro papagaio;
2 – Organizar brigadas de comissários políticos responsáveis pelos grupos nacionais de aves agitadoras, à boa maneira dos bolchevistas;
3 – Assegurar nos meios de comunicação social a criação de um cacarejar público favorável à armadilha cor-de-rosa;
4 – Explorar sem quaisquer escrúpulos a miséria das famílias de aves desprotegidas, a insegurança crescente da passarada, o medo do desemprego e a entrada do FMI no galinheiro nacional, como meios psicologicamente úteis à manipulação do receio perante a mudança, bem como utilizar as chamadas «personagens piloto», como os elementos da fauna dedicada ao desporto, à escrita, à arte e outras águias respeitadas e admiradas por aqueles que é necessário atrair à dita armadilha;
5 – Baseado na visão de Tchakhotine, estruturar e sistematizar um cacarejar tendente à interiorização da ideia de: ou nós ou o caos – nós somos a única força capaz de salvar o zoo, e por isso a maioria dos pardalitos está connosco – junta-te aos vencedores se não queres que te cortem as asas;
6 – Não reincidir na apresentação de um programa eleitoral concebido para não ser adoptado, mas optar pela promessa da salvação nacional e limitar-se a projectar críticas no programa dos papagaios cor-de-laranja;
7 – Baseado na teoria mussolinesca, de que os galináceos de cabeça oca estão surpreendentemente dispostos a acreditar em todas as tretas, criar a ilusão de que as propostas cor-de-rosa são mais sensatas e de acordo com as aspirações da passarada;
8 – À boa maneira dos regimes ditatoriais, teatralizar os aparecimentos em público do primeiro papagaio e dos restantes candidatos regionais, com todos os meios necessários à aglutinação e excitação das aves presentes e ausentes;
9 – À boa maneira do Estado Novo, fazer deslocar dos seus ninhos o maior número de bicos, votantes ou não, para simular adesão e estimular os indecisos e os imbecis a apoiarem as suas ideias;
10 – De acordo com o método utilizado por Hitler, nos seus encontros com as massas, orientar o canto segundo duas atitudes psicológicas antagónicas: uma, responsável por incutir o medo, outra, por estimular a agressividade. O medo que permite inibir o sentido crítico, a agressividade que exalta o sentido do bando; 
11 – Edificar uma estrutura de persuasão baseada na lei da simplificação:

   a) Apontar o candidato cor-de-laranja, como o único inimigo e representante da asa direita em geral;
   b) Sistematizar os pios de apelo ao voto no menor número de pontos:
          - Dramatização da não aprovação do PEC4 e o consequente derrube do poleiro dos papagaios cor-de-rosa;
          - Simulação da defesa do galinheiro social;
          - Simulação da defesa da Constituição como documento litúrgico, inatacável;
          - Simulação da defesa do ensino público e da saúde tendencialmente gratuita para todos os géneros e espécies de aves, quaisquer que sejam as suas posses;
          - Exploração da inexperiência/impreparação do inimigo cor-de-laranja;
          - Simulação da manutenção das receitas do milho impostas, tal como estão actualmente definidas.

c) Repetir os pios eleitorais até à exaustão;
d) Atribuir ao dito inimigo as culpas dos seus próprios erros de governação do zoo;
e) Assegurar a máxima rapidez na exploração das gafes ou das propostas do inimigo cor-de-laranja, procurando identificá-las com a sua impreparação e a sua opção dita capitalista ou neoliberal;

12 – Definir uma estratégia de contrapropaganda:
a) Criticar ferozmente todas as propostas do inimigo cor-de-laranja, procurando descredibilizá-las;
b) Atacar sem contemplações os supostos ou, se for caso disso, inventados pontos fracos do inimigo cor-de-laranja.







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