quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O papagaio orçamento aterroriza a passarada





Os papagaios laranja anunciaram o fim das negociações com os papagaios cor-de-rosa. E a pergunta que se deve fazer é: deve a passarada deste zoo entrar em pânico? A resposta é não!

Afinal, é mau não termos orçamento, mas também é mau termos um mau orçamento.
É mau ficarmos sem governo, mas também é mau mantermos este desgoverno. É mau ficarmos a viver com duodécimos do orçamento, mas também é mau deixarmos o orçamento nas mãos de quem já provou que o orçamento não passa de um conjunto de intenções que não tenciona cumprir. É mau o FMI intrometer-se na gestão do nosso zoo? E não é mau o tsunami de impostos e os cortes nas remunerações dos funcionários públicos?
É mesmo tudo mau, mas o tudo mau é mesmo mau porque entre o mau e o mau a tendência é optar-se pelo mau. E o mau é não se procurar encontrar uma solução que não seja má. Como, por exemplo, persistir na manutenção dos maus no poleiro e insistir na colaboração estratégica com os maus – ideia peregrina, para não dizer má, lançada e mantida pelo Cavaco papagaio durante o seu primeiro mandato e bandeira já estafada, para não dizer má, que volta a arvorar para a campanha que se aproxima. E é má porque se trata de um capricho que meteu na cabeça: nunca serei tão mau como os maus que me antecederam.
É mau não cumprir as promessas. Isso é verdade. Mas também é mau voltar a uma má promessa. Nunca se sabe se a passarada não cairá no erro de voltar a eleger um governo mau.
O Cavaco papagaio foi mau ao querer ser bom, e agora, que promete ser bom, o mais certo é vir a ser mau. Mas o alegre papagaio também é mau. Mesmo muito mau, sobretudo quando acusa o Cavaco papagaio de querer governar e, ao mesmo tempo, de não ter governado. Mas também é mau quando diz que o seu adversário é o candidato da direita enquanto ele é o candidato da esquerda, esquecendo-se que os papagaios cor-de-rosa apoiam, contrariados, é certo, a sua candidatura ao poleiro. Já bastava ser mau, não valia a pena ser cínico. Na prática, ser um mau poeta alegre é tão mau como ser um mau político alegre. Não serve para nada. É simplesmente mau. E para maus já nos bastam os outros pardalitos que decidiram candidatar-se.

sábado, 23 de outubro de 2010

Um papagaio sem fé


Depois do pântano e do zoo da tanga que levaram Guterres papagaio e Durão papagaio a voar para outras paragens, a enraizada psicose do esquerdismo, a direita dos invejosos e o sem pai nem mãe nem amigos assassinaram o Santana papagaio das trapalhadas para colocarem no poleiro o papagaio que vive em São Bento. O zoo estava finalmente entregue à bicharada, mas a maioria dos intoxicados papagaios portugueses acreditaram que Jesus Cristo tinha regressado à terra.
E com Jesus sentado no poleiro deixaram-se evangelizar até à completa cegueira de uma fé inquebrantável. Afinal, Jesus toma conta de nós e todas as suas decisões são aceites como dogmas. Mas Jesus inclina o zoo para o inferno, desbarata todos os direitos que o seu rebanho conseguiu angariar à custa de décadas de suor e lágrimas, angaria uma multidão de apóstolos da sua estirpe para a maior pouca vergonha que há memória desde o tempo da nossa evangelização por terras de África e da América. E tudo para o bem de todos nós, que somos pecadores e merecemos a flagelação.
É verdade que o zoo não tem outra solução senão continuar a ter fé em Jesus Cristo, nosso senhor. Heresia é pensar que outros deuses despontam no firmamento e a fogueira é o lugar certo para quem imagina a possibilidade de tirar Jesus do poleiro. Somos um povo fiel à nossa miséria porque acreditamos que é o nosso destino. E em quem havíamos de continuar a acreditar? Em Jesus. É claro. Só ele nos pode salvar das chamas que já nos queimam as casas e os empregos, mas também a sobrevivência dos velhos e a esperança dos jovens. Mas que representa tudo isso senão bens materiais que nos atiram para a miséria mas nos roubam a fé? Para entrarmos no céu, tal como viemos ao mundo, só nos resta continuar a acreditar nos apóstolos e nas beatas de todas as cores e de todos os credos que alimentam a nossa fé na verdadeira salvação: Jesus e o seu orçamento são os únicos escudos que podem proteger -nos do diabo do FMI. Morramos sozinhos e enganados, mas agarrados à nossa fé. Espoliados, desonrados mas com fé. Deixemos passar o orçamento que nos vai levar à bancarrota e à indigência, mas não percamos a fé, nem nos deixemos tentar por aquele monstro que nos manda farpas da Madeira – pelos vistos, o único possuído deste zoo que há muito tenta convencer-nos a mandar Jesus para o inferno.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Cabeças de abóbora dão espectáculo deprimente

Juntar três papagaios cabeça de abóbora num palco não é tarefa fácil. Só a Fátima Campos papagaio se lembraria de nos proporcionar um serão tão deprimente.
É que estes papagaios já não são capazes de voar. Rebolam-se nas cadeiras, cacarejam que nem galinhas depenadas e mais parecem perus de Natal, já com o papo cheio de medronho.
Já não basta terem estado no poleiro tanto tempo, senão ainda, depois de mortos, os desenterrarem já com as pevides completamente apodrecidas. Só lá faltaram outros da mesma estirpe para o elenco ficar completo e os portugueses entrarem numa depressão irreversível.
Mas, nem tudo foi tão mau assim. Até foi interessante ouvir o general papagaio falar de autoridade – um bicho à beira da extinção neste zoo; foi curiosa a chamada de atenção do papagaio de todos os papagaios para a criminalidade – outro que, ao contrário do primeiro, procria à velocidade da luz neste mesmo zoo; e também foi estimulante recordar os discursos que ninguém entende do sem pai nem mãe nem amigos – uma ave rara que, depois de reduzida a cinzas, voltou a ganhar asas para ensinar o papagaio Alegre a voar. De resto, naquela confusão de frases sem sentido e de ideias sem qualquer interesse, ainda deu para perceber que a culpa da crise não é dos papagaios que estão no poder, mas sim do Estado Social, dos Estados Unidos, dos 15 milhões de telemóveis que os 10 milhões de portugueses possuem e, conclusão absolutamente extraordinária, daqueles que nunca aceitaram as medidas dos competentes e saudosos ministros da saúde e da educação, o fantástico duo de dança em pontas: Correia de Campos papagaio e Milú papagaio.
Foi sobretudo comovente ouvir do bico do sem pai nem mãe nem amigos que todos somos responsáveis pela crise, embora, certamente a pensar na sua própria culpa, uns mais do que outros. É verdade que não teve a hombridade de publicamente pedir desculpa aos portugueses, mas, pelo, menos, foi capaz de recordar aquela sua célebre frase do “há mais vida para além do défice” e, ainda assim, perante o quadro negro da nossa economia, considerar que o melhor era atirar-se ao rio Tejo - espontaneidade e sentido de Estado que levou os espectadores, entusiasmados, a bateram palmas freneticamente. E nós não pudemos deixar de registar esse momento extraordinário de televisão, colocando-o na nossa galeria.
No final do espectáculo, também foi enternecedor ouvir o reitor de Universidade de Lisboa dizer que estava deliciado a ouvir os papagaios cabeça de abóbora. O que nos leva a pensar que talvez devesse pensar em ir passear catatuas.

domingo, 10 de outubro de 2010

Silva Lopes Papagaio travestido de socialista


Há papagaios arraçados de tudo. De legumes de todas as qualidades e de animais de todas as espécies. O Silva Lopes papagaio, manhoso como uma raposa e mal cheiroso como um rato dos canos, é um deles. De facto, quem diria que este míope, mal vestido e com ar de trolha, tinha a boca tão grande e tão nojenta como a de um insaciável hipopótamo.
É certo que a sua competência em acumular tachos e a enfardar euros, os mesmos que ele considera mal empregues com os inúteis funcionários públicos, advém da visibilidade que outros papagaios lhe têm dado, designadamente aqueles que estão ligados ao conhecido movimento de intelectuais que adoptou a sigla PS, apesar da designação ser um pouco mais comprida: ESTAMOS AQUI PARA SACAR.
Mas este papagaio, tão popular nas televisões e nos jornais, merece. Sobretudo porque bastas vezes tem chamado a atenção para os desmandos de quem tem governado este zoo (como se ele por lá não tivesse andado no tempo do papagaio de todos os papagaios que nos trouxe o FMI para pôr em ordem o seu desgoverno). E merece também porque, fresco que nem um pêro de 77 anos de idade, se disponibilizou para participar na renovação do quadro envelhecido da administração das Renováveis. Afinal, para juntar às várias reformas de subsistência que possui e às pequenas indemnizações que tem recebido, o tratante só vai beneficiar de mais uma maquia irrelevante, com a vantagem de que não precisará de lá estar muito tempo para ter direito ao subsídio de inserção social. E a causa é verdadeiramente nobre porque se tornou urgente renovar o sucesso estrondoso da Empresa De Pilas Renováveis, o ex-líbris do papagaio que vive em S. Bento, ou seja, a empresa que, ao espalhá-las por todos os montes do Zoo, acabou por pôr em causa o voo da passarada e de sobreaviso a restante bicharada. Assim, se tudo correr como está previsto, os tolos que lá meteram as economias ficarão sem elas, o que está certo, até porque todos devemos acreditar e investir desinteressadamente na renovação da nossa economia, e o competente Silva Lopes papagaio ocupará mais um importante lugar na hierarquia da maior e mais organizada quadrilha de papagaios que passou por este jardim zoológico.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Papagaios cabeça de nabo arrasam com o país

No dia em que Saldanha Sanches exige JUSTIÇA FISCAL, cumprindo o seu último desejo, ainda em vida, não podemos deixar de meditar na forma como a ironia marca o destino dos homens. E não podemos deixar de pensar nos papagaios que procuram subverter o nosso destino.  
A solidariedade é uma marca distintiva entre animais de várias espécies. Saldanha Sanches era um desses animais, infelizmente já em extinção. A entrega total ao paradigma da justiça, ironicamente, justificou a sua prisão e reuniu à sua volta uma prole de inimigos que nunca foram capazes de lhe vergar a coluna vertebral. Desassombrado, corajoso, umas vezes destemperado nas atitudes, mas sempre fiel aos seus princípios, cumpriu o seu destino. Maria José Morgado deve estar feliz e orgulhosa por ter partilhado a vida e o destino de Saldanha Sanches. A partir de agora, que cumpra o seu. É o que esperamos dela.
O problema é que a lógica do destino de um homem não livra os outros homens daqueles que distorcem o sentido da justiça e da solidariedade.
Mais uma vez, no dia em que Saldanha Sanches vem exigir justiça fiscal, a ironia das ironias prega-nos com a justiça da injustiça.
É o desprezo e a incompetência, e não a justiça da justiça, que atropela os portugueses. É o desprezo do papagaio que vive em S. Bento pelos portugueses e a incompetência do seu papagaio cabeça de nabo que fazem deste país um país sem destino.
Hoje não é mais um dia de caça aos papagaios. Hoje é dia de solidariedade para com aqueles que estão mais pobres e é também o dia em que devemos ter vergonha de muitos terem acreditado num perigoso bando de papagaios malfeitores, sem escrúpulo, sem sentimentos e de que todos temos de nos ver livres rapidamente para cumprirmos o nosso destino.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Há papagaios que não gostam do facebook

Dizer-se que se gosta ou não do facebook todos temos esse direito, agora considerar-se esta democrática rede social a razão do fim do mundo é demais e até contraditório, tendo em conta que a bombástica afirmação vem de um papagaio que opina sobre tudo, que sabe tudo e que fala de tudo e de todos com a maior falta de respeito e de vergonha.
É certo que terá tido uma infância muito difícil. Basta recordar que cresceu ao lado de uma poetisa de enorme talento, que o terá traumatizado quando lhe apontou outro caminho que não o da literatura, e ao lado de um dos maiores papagaios do seu tempo, um pai com capacidade camaleónica de mudar a cor das penas e de se transformar em gato devorador de aves fedorentas.
Ora, tudo isto devia ser deprimente e até aterrador para um papagaio de bico curto e ainda a aprender a voar. É compreensível. E também é compreensível que odeie os professores e que se recuse terminantemente a cruzar-se com os colegas da escola primária.
Nenhum papagaio adulto gosta de ser confrontado com os maus tratos a que foi sujeito pelos professores malvados que mortificavam as patinhas dos alunos quando estes se portavam mal ou davam erros no ditado, nem tão pouco de admitir sentar-se à mesa com os horrorosos companheiros que lhe esmifravam a cabeça com calduços a toda a hora, que sistematicamente lhe roubavam o papo-seco com fiambre ou o segregavam ao chamarem-lhe menino copo de leite. Isto para não se falar da sua relação com a aritmética, onde devia ser uma lástima, ou com o desenho, que só podia se um desastre – basta ver-se como retrata o mundo, onde só vê inimigos.
Só não se entendem bem as razões porque está sempre disponível para defender as araras acusadas de abusarem de minúsculos bicos de lacre acabados de sair do ovo, bem como colocar-se ao lado daqueles que fazem deles bombas humanas ou se servem de avezinhas impúberes para realizarem casamentos em grupo… Será que detestar juízes, odiar os professores e os colegas de infância ou perder a cabeça quando ouve falar do Bush justifica um papagaio tão ressabiado? Ou tudo isto não passará de uma espécie de doença hormonal que o impede de desempenhar o seu papel de homem capaz de amar?
Em todo o caso, há certas ideias que este papagaio defende com as quais não podemos deixar de concordar plenamente. Por exemplo, quando afirma que existe excesso de comunicação, tem toda a razão. E todos devíamos seguir o seu conselho: desligarmos todos os aparelhos, sobretudo a televisão, no canal onde ele aparece muito a pavonear-se; deixarmos de comprar jornais, principalmente aquele onde semanalmente vomita sermões e dá tiros em todas as direcções; e deixarmos de comprar livros, de preferência as suas literárias aventuras com as quais a humanidade nada tem a ver, nem a beneficiar.
PS: as últimas notícias falam de um bando de papagaios que decidiu assaltar à pata armada todas as casas dos portugueses, revelando a sua brutalidade no caso particular das casas dos funcionários públicos.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Os papagaios poliglotas e os outros

Já tínhamos concluído que os papagaios têm dificuldade em falar algumas línguas. E até tínhamos considerado injusto criticar o Manuel Maria Papagaio por não conseguir vocalizar o nome do egípcio Farouk Hosni. Agora, vimos em defesa do papagaio que vive em S. Bento porque consideramos que não é correcto fazer-se chacota do seu discurso nos EUA. Isto porque a culpa daquela tragédia na Universidade de Columbia deveu-se, por inteiro, à incúria do seu grande amigo Pinho papagaio, o tal dos cornos em riste, e aos responsáveis pela logística do evento circense. O primeiro porque ter-lhe-á dito que para se limitar a abrir e fechar a boca e a fazer aquele seu gesto muito estimulante da mão fechada para cima e para baixo, os outros, porque estavam instruídos para meterem a cassete do discurso sobre o sucesso do programa das energias renováveis em Portugal e, em lugar disso, inadvertidamente, meteram uma cassete do Curso de Inglês sem Mestre, recentemente editado pela encerrada Universidade Independente.

E esta situação, que não é virgem – basta recordar a barraca que foi aquele discurso no país vizinho –, começa a ser preocupante. Se meditarmos em exemplos passados, descobrimos papagaios poliglotas, como os que não aguentaram viver no pântano, que conseguiram voar para as gaiolas douradas da ONU e da Comissão Europeia, e outros, porque só falavam português ou limitavam-se a arranhar no francês, que ficaram prejudicados.

Bem, sempre há a possibilidade de poder seguir os passos do seu grande amigo Vara que treme mas não cai ou do não menos amigo papagaio que anda de Mota-Engil ou ainda, quem sabe, continuar a sua meritória carreira profissional como rubricador daqueles extraordinários projectos de arquitectura que todos conhecemos e que nos traz na expectativa de poderem vir a ser distinguidos com o Prémio Valmor.


quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Ou votam em mim ou mato-me!

Que horror! Que tomada de posição tão extremada. Há papagaios que ainda não sabem que a Revolução dos Cravos já acabou. E ainda não aprenderam que a política da terra queimada também já lá vai. Afogada nos seus próprios gritos morreu a UDP e em coma está, há décadas, o MRPP. E se pensarmos que os capitães de Abril não passam de símbolos tão simpáticos como o galo de Barcelos é fácil perceber que a estratégia do Alegre papagaio não vai levá-lo ao poleiro. É verdade que outros tiveram sucesso. O caso do papagaio sem pai, sem mãe e sem amigos, mas com uma dívida que não deixou de pagar a quem, contrariado, o colocou no poleiro, é um exemplo. Só que a passarada já está avisada e não deve voltar a cair na armadilha que depenou o Santana papagaio.
Por outro lado, é preciso ter cuidado. No assalto ao poleiro, umas vezes a morte espera os mais aventureiros. E o Alegre papagaio que tantas vezes recorda D. Sebastião nos seus poemas, devia ter mais cuidado com as atitudes e as ambições. A vaidade é um pecado mortal e decidir fazer a rodagem do carro ao Pulo do Lobo para sair do nevoeiro como o grande salvador não está ao alcance de todos.

Afinal, quem acredita que o Alegre papagaio pode ser o D. Sebastião que vai evitar a invasão de Portugal pelo FMI? Muito poucas aves deste zoo, parece-me. As da chamada esquerda democrática estão a fazer um frete para evitar o ridículo das anteriores eleições, quando pediram o voto no velho papagaio de todos os papagaios; as da chamada esquerda antidemocrática decidiram concorrer com um pintassilgo sem voz; e as da chamada esquerda moderna vão votar alegremente para se divertirem à custa dos papagaios que ainda lhes dão ouvidos. Por sua vez, as aves ditas sociais-democratas já há muito se desiludiram com os poetas revolucionários e as ditas centristas continuam a acreditar no dito D. Sebastião para pôr ordem nesta verdadeira selva.

Mas nem tudo está perdido! Quatro votos a seu favor vão certamente cair na urna. O seu e os das suas três barbies louras de estimação: a Roseta papagaio, que sempre teve jeito e disponibilidade para arquitectar a forma de outros papagaios chegarem a presidentes,
a Edite papagaio que há muito vive nas estrelas sem saber ler nem escrever, e que sempre o poderá acudir nalguma calinada na gramática,
e a Belém papagaio, muito dada às questões da saúde, que certamente também será muito útil, sobretudo quando a tensão arterial do Alegre subir ao rubro nos discursos com expressões e palavras roubadas aos seus poemas. Expressões e palavras que, de resto, não são difíceis de antecipar:

«apodreceu o sol dentro de nós»,
«o sol crucificado»,
«silêncio de morte em cada voz»,
«braços negros de fome»,
«homens de joelhos»,
«fantasmas»,
«naufrágio»,
«tormentas»,
«revolta»,
«indecisão»
e outras tão ou mais estimulantes como estas.


quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Manuel Maria Papagaio de asas cortadas

Há papagaios que nunca se calam e os donos nem sempre têm paciência para os ouvir. São bem tratados, com todas as mordomias, poleiros dourados, etc. Só que os diabos dos bichos são teimosos. Dizem o que lhes vem à cabeça e quando se lhes pede para papaguearem algo que interessa aos negócios dos donos, como, por exemplo, gritar viva o Farouk Hosni, ou ficam calados ou gritam outra coisa qualquer, disparatada, como viva o Benfica. É verdade que há papagaios que são um bocado arrogantes e até muito irritantes, mas os donos abusam quando se armam em ditadores. É que os papagaios também têm limites e Farouk Hosni são duas palavras difíceis de dizer, primeiro porque são egípcias e os bichos não sabem todas as línguas, depois, porque abrir o bico para soletrar o nome de um anti-semita até eriça as penas dos papagaios.
O caso do Manuel Maria Papagaio é paradigmático. Não cumpriu as ordens do dono e foi abandonado ao seu destino. Resta-lhe escrever mais um livro, que é coisa que sempre faz quando se sente injustiçado ou quando não compreende que o dono tem outros animais domésticos em lista de espera para ocuparem os poleiros dourados. Agora, das duas uma, ou se cala de uma vez por todas e o dono ainda o coloca no poleiro de uma empresa pública, ou começa a gritar e a fazer parvoíces e sujeita-se a ser enviado para a presidência da administração de uma empresa amiga no Brasil ou em África, como aconteceu ao Vara que treme mas não cai. Uma coisa é certa, se for um papagaio esperto, como parece que é, tal como os outros da mesma espécie, ainda terá direito a uma indemnização para comprar um programa de televisão para a Bárbara se pavonear.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Faces ocultas com os bicos de fora

Seguindo a estratégia do BCP, a Portugal Telecom decidiu pagar indemnizações aos seus administradores arguidos. E está correcto. Se o BCP já havia feito o mesmo com a vara que abana, não cai, nem tão pouco treme, os Soares também são filhos do mesmo pai e da mesma mãe. Para além disso, andaram na mesma escola; são impolutos; indiscutivelmente competentes, como demonstram os seus currículos académicos e profissionais; e demonstram possuir virtudes semelhantes.

Sinceramente, os números é que pecam pela mesquinhez. No nosso entendimento, deviam ser um pouco mais altos e, de preferência, livres de impostos. Até porque, segundo se diz, o papagaio sucateiro continua a distribuir dinheiro por aqueles que podem vir a destapar-lhe a face, e os ditos Soares – o carneiro e o outro ruminante bovídeo –, filantropos dos sete costados, também deverão querer dividir uma parte das suas indemnizações pelos pobres e pelos desempregados.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

É preciso encerrar as escolas. Muitas, se possível, todas.


Depois do vampiro que atormentou as crianças e quase secava as veias dos professores, havia alguma esperança de que a gaiola da educação fosse ocupada por um outro bicharoco voador menos sanguinário. É verdade que o papagaio dito republicano que governa este jardim zoológico nunca terá gostado da sua escola primária, porventura terá passado a correr pela escola secundária e, segundo consta, nunca precisou de escola para se licenciar. De resto, escola não lhe falta, nem nunca lhe terá faltado. Como tem acontecido a outros papagaios da mesma estirpe, ele sabe perfeitamente que, mais dia, menos dia, com pompa e circunstância, lhe será atribuído um doutoramento honoris causa. E merece! Há até um movimento de gente esperta que está a pensar propor que seja a Universidade das Novas Oportunidades a cumprir esse desígnio.

Nós sempre fomos um povo esperto. Povos inteligentes houve que não sobreviveram aos embates civilizacionais; nós, espertos, cá continuamos, a viver à conta dos inteligentes que nos emprestam dinheiro, sem qualquer esperança de que algum dia sejam ressarcidos da sua solidariedade. Aliás, é sabido que quem quer estudar e trabalhar tem a porta aberta. Vai para o estrangeiro. Vai para o Luxemburgo, para a Alemanha, o Canadá ou até mesmo para Espanha. É até lamentável que algumas aves de rapina, como o Medina Carreira e outros, nos queiram convencer que é necessário estudar e trabalhar para este zoo não se extinguir.

De uma vez por todas, temos que interiorizar a teoria, e sobretudo a prática, de que é preciso ser esperto, não inteligente. Aquele é capaz de roubar sem ser apanhado, este, primeiro não rouba, e se roubar é logo engaiolado. A inteligência é neste contexto o perfeito sinónimo da estupidez.

Claro que há excepções. Por exemplo, o papagaio de asa alçada, que ocupou o poleiro da gaiola da educação, ao continuar a cumprir o desígnio dos espertos que programaram matar os professores e acabar com as escolas devia saber que está perigosamente a comprometer o seu futuro. Provavelmente ainda não terá consciencializado a aventura em que se está a meter. Isto porque cada vez será mais difícil vender os seus livros num país à beira-mar plantado onde se multiplicam os papagaios e os analfabetos.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Na rentrée política

Os papagaios batem as asas como beija flores, incham o papo como perus, exibem-se como pavões e mergulham no espaço sobre os pategos como urubus.

domingo, 5 de setembro de 2010

Olimpíadas para papagaios

Laurentino Papagaio foi apanhado no controle antidoping. A perigosa dose Carlos Queiroz dilatou-lhe a caixa craniana e encolheu-lhe o cérebro já por si diminuto. No mesmo estado foram apanhados todos os membros da direcção da Federação de Futebol, que se encontram em estado de coma.


Ao que parece, a perigosa droga produz outros efeitos nefastos. Por exemplo, os médicos que integram a equipa da ADoP, sobre a alçada do já há muito apanhado Horta Zementemente, não conseguem pregar olho e perdem os sentidos quando não enfiam para a veia logo de manhãzinha; o Agostinho Piloto ficou literalmente careca e incapaz de articular uma frase com alguma lógica e os jogadores da equipa de todos nós – para além do cigano que não chegou a tempo da distribuição da dose – parecem nitidamente catatónicos.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Combate de papagaios


Papagaios que mais parecem tubarões
Se o combate não for entretanto combinado, aquele que ganhar a peleja fica com a massa do Lúcio Tomé. Um já vale pelo menos 6 milhões, o outro sabe-se lá quanto valerá. Quanto aos herdeiros: uma já foi assassinada, aos outros não vai sobrar dinheiro para distribuir pelos papagaios.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Portimão em êxtase

O Sucesso da iniciativa de pendurar trapos azuis por tudo o que é sítio em Portimão foi tão grande que os papagaios do projecto, para darem continuidade às comemorações do Centenário do Nascimento de Manuel Teixeira Gomes até 2041, já decidiram ir mais longe, propondo a pintura de todos os edifícios públicos de azul e a oferta de latas de tinta azul aos munícipes que estejam dispostos a mudar a cor das fachadas das suas casas. Segundo consta, ainda pensaram em pintar as estradas e as árvores de azul, mas terão chegado à conclusão que a manutenção e preservação da referida cor exigia a criação de mais uma empresa municipal, o que, neste momento, não dá muito jeito. Quem sabe, talvez se recupere a ideia para depois de 2041 – altura em que, certamente, se comemorará o centenário da morte do escritor.

Teixeira Gomes dizia que existem sítios no mundo tão cheios de encanto sensual que “é possível amá-los com o amor físico”. E tinha razão. Só de pensarem na cidade toda pintada de azul, os seus patrícios já se sentem completamente em êxtase, ou seja, evitando uma frase mais popular entre os portugueses, numa espécie de orgasmo permanente e ininterrupto.

A ilustração representa um pormenor do Teatro Municipal de Portimão, já pintado de azul. Os ditos papagaios estão no topo do edifício, também eles pintados de azul. Por isso é que não se vêem. Já o director não quis ficar no desenho porque estava vermelho. De raiva.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Depois de um fim-de-semana de campeonato

É inevitável que na nossa galeria se dê destaque ao papagaio Sarrafadas. Como é pequenino coube todo na moldura. Vantagens de se ser anãozinho.

domingo, 22 de agosto de 2010

Com o país a arder

Só era possível iniciar a visita à nossa galeria, começando pelo Papagaio Mais Valia Estar Calado.

Papagaios p’ra gaiola!

Os papagaios são extraordinariamente irritantes! Tirando, claro, o divertido Zé Carioca da minha infância.

Primeiro, porque falam em lugar de estar calados, e não dizem nada de jeito. Azucrinam os ouvidos das pessoas com baboseiras, asneiras, gritos, roncos e arrotos, repetindo todos os ruídos que aprendem com os seus donos. É verdade que há papagaios inteligentes, sobretudo quando estão calados, mas há outros que são uma nódoa completa, e normalmente não fecham a matraca senão quando morrem ou são postos a andar das suas gaiolas douradas. Também os há de todas as cores: azulados, alaranjados, avermelhados, cor-de-rosa, brancos, pretos, cinzentos, alguns de todas cores; e é possível adivinhar a sua presença mesmo quando aparentemente não têm cor nenhuma. Com efeito, há papagaios em todo o mundo, mas nunca vi tantos como em Portugal. Reproduzem-se como moscas e pousam em qualquer ramo do conhecimento, da arte, das letras, da ciência, do desporto, e sobretudo não perdem a oportunidade de se pendurar nos tachos e nas gamelas onde gostam de debicar. É um bicho tão nojento como a pulga ou o piolho e tão temido como o gafanhoto, sobretudo quando se junta em bandos e invade as universidades, os ministérios, o parlamento, a Procuradoria-Geral da República, os jornais, as televisões, as autarquias, as casas dos mais incautos e até os clubes de futebol, neste caso concreto, manhosamente disfarçados de outros animais voadores, como águias ou dragões alados. Nem as igrejas se livram deles.

Estou deveras farto de papagaios. Não posso abrir a TV ou a rádio porque lá estão eles a pavonear-se; não posso sair à rua porque os há por todo o lado, a esvoaçar sem qualquer respeito por quem acabou de lavar o automóvel ou vestiu uma camisa lavada. Já são tantos como as gaivotas que invadiram Portimão, de resto, cidade onde também não faltam papagaios, alguns bem alimentados, gordos, anafados e até os há bem pagos para estarem calados. O problema é que país não pode continuar a gastar o dinheiro dos nossos impostos com tanto papagaio.