quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O papagaio orçamento aterroriza a passarada





Os papagaios laranja anunciaram o fim das negociações com os papagaios cor-de-rosa. E a pergunta que se deve fazer é: deve a passarada deste zoo entrar em pânico? A resposta é não!

Afinal, é mau não termos orçamento, mas também é mau termos um mau orçamento.
É mau ficarmos sem governo, mas também é mau mantermos este desgoverno. É mau ficarmos a viver com duodécimos do orçamento, mas também é mau deixarmos o orçamento nas mãos de quem já provou que o orçamento não passa de um conjunto de intenções que não tenciona cumprir. É mau o FMI intrometer-se na gestão do nosso zoo? E não é mau o tsunami de impostos e os cortes nas remunerações dos funcionários públicos?
É mesmo tudo mau, mas o tudo mau é mesmo mau porque entre o mau e o mau a tendência é optar-se pelo mau. E o mau é não se procurar encontrar uma solução que não seja má. Como, por exemplo, persistir na manutenção dos maus no poleiro e insistir na colaboração estratégica com os maus – ideia peregrina, para não dizer má, lançada e mantida pelo Cavaco papagaio durante o seu primeiro mandato e bandeira já estafada, para não dizer má, que volta a arvorar para a campanha que se aproxima. E é má porque se trata de um capricho que meteu na cabeça: nunca serei tão mau como os maus que me antecederam.
É mau não cumprir as promessas. Isso é verdade. Mas também é mau voltar a uma má promessa. Nunca se sabe se a passarada não cairá no erro de voltar a eleger um governo mau.
O Cavaco papagaio foi mau ao querer ser bom, e agora, que promete ser bom, o mais certo é vir a ser mau. Mas o alegre papagaio também é mau. Mesmo muito mau, sobretudo quando acusa o Cavaco papagaio de querer governar e, ao mesmo tempo, de não ter governado. Mas também é mau quando diz que o seu adversário é o candidato da direita enquanto ele é o candidato da esquerda, esquecendo-se que os papagaios cor-de-rosa apoiam, contrariados, é certo, a sua candidatura ao poleiro. Já bastava ser mau, não valia a pena ser cínico. Na prática, ser um mau poeta alegre é tão mau como ser um mau político alegre. Não serve para nada. É simplesmente mau. E para maus já nos bastam os outros pardalitos que decidiram candidatar-se.

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