domingo, 22 de agosto de 2010

Papagaios p’ra gaiola!

Os papagaios são extraordinariamente irritantes! Tirando, claro, o divertido Zé Carioca da minha infância.

Primeiro, porque falam em lugar de estar calados, e não dizem nada de jeito. Azucrinam os ouvidos das pessoas com baboseiras, asneiras, gritos, roncos e arrotos, repetindo todos os ruídos que aprendem com os seus donos. É verdade que há papagaios inteligentes, sobretudo quando estão calados, mas há outros que são uma nódoa completa, e normalmente não fecham a matraca senão quando morrem ou são postos a andar das suas gaiolas douradas. Também os há de todas as cores: azulados, alaranjados, avermelhados, cor-de-rosa, brancos, pretos, cinzentos, alguns de todas cores; e é possível adivinhar a sua presença mesmo quando aparentemente não têm cor nenhuma. Com efeito, há papagaios em todo o mundo, mas nunca vi tantos como em Portugal. Reproduzem-se como moscas e pousam em qualquer ramo do conhecimento, da arte, das letras, da ciência, do desporto, e sobretudo não perdem a oportunidade de se pendurar nos tachos e nas gamelas onde gostam de debicar. É um bicho tão nojento como a pulga ou o piolho e tão temido como o gafanhoto, sobretudo quando se junta em bandos e invade as universidades, os ministérios, o parlamento, a Procuradoria-Geral da República, os jornais, as televisões, as autarquias, as casas dos mais incautos e até os clubes de futebol, neste caso concreto, manhosamente disfarçados de outros animais voadores, como águias ou dragões alados. Nem as igrejas se livram deles.

Estou deveras farto de papagaios. Não posso abrir a TV ou a rádio porque lá estão eles a pavonear-se; não posso sair à rua porque os há por todo o lado, a esvoaçar sem qualquer respeito por quem acabou de lavar o automóvel ou vestiu uma camisa lavada. Já são tantos como as gaivotas que invadiram Portimão, de resto, cidade onde também não faltam papagaios, alguns bem alimentados, gordos, anafados e até os há bem pagos para estarem calados. O problema é que país não pode continuar a gastar o dinheiro dos nossos impostos com tanto papagaio.

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