quinta-feira, 9 de setembro de 2010

É preciso encerrar as escolas. Muitas, se possível, todas.


Depois do vampiro que atormentou as crianças e quase secava as veias dos professores, havia alguma esperança de que a gaiola da educação fosse ocupada por um outro bicharoco voador menos sanguinário. É verdade que o papagaio dito republicano que governa este jardim zoológico nunca terá gostado da sua escola primária, porventura terá passado a correr pela escola secundária e, segundo consta, nunca precisou de escola para se licenciar. De resto, escola não lhe falta, nem nunca lhe terá faltado. Como tem acontecido a outros papagaios da mesma estirpe, ele sabe perfeitamente que, mais dia, menos dia, com pompa e circunstância, lhe será atribuído um doutoramento honoris causa. E merece! Há até um movimento de gente esperta que está a pensar propor que seja a Universidade das Novas Oportunidades a cumprir esse desígnio.

Nós sempre fomos um povo esperto. Povos inteligentes houve que não sobreviveram aos embates civilizacionais; nós, espertos, cá continuamos, a viver à conta dos inteligentes que nos emprestam dinheiro, sem qualquer esperança de que algum dia sejam ressarcidos da sua solidariedade. Aliás, é sabido que quem quer estudar e trabalhar tem a porta aberta. Vai para o estrangeiro. Vai para o Luxemburgo, para a Alemanha, o Canadá ou até mesmo para Espanha. É até lamentável que algumas aves de rapina, como o Medina Carreira e outros, nos queiram convencer que é necessário estudar e trabalhar para este zoo não se extinguir.

De uma vez por todas, temos que interiorizar a teoria, e sobretudo a prática, de que é preciso ser esperto, não inteligente. Aquele é capaz de roubar sem ser apanhado, este, primeiro não rouba, e se roubar é logo engaiolado. A inteligência é neste contexto o perfeito sinónimo da estupidez.

Claro que há excepções. Por exemplo, o papagaio de asa alçada, que ocupou o poleiro da gaiola da educação, ao continuar a cumprir o desígnio dos espertos que programaram matar os professores e acabar com as escolas devia saber que está perigosamente a comprometer o seu futuro. Provavelmente ainda não terá consciencializado a aventura em que se está a meter. Isto porque cada vez será mais difícil vender os seus livros num país à beira-mar plantado onde se multiplicam os papagaios e os analfabetos.

Sem comentários:

Enviar um comentário