sexta-feira, 20 de maio de 2011

O carnaval dos papagaios



Este ano, excepcionalmente, o período carnavalesco vai arrastar-se até ao dia 5 de Junho. A Europa está estupefacta e a Merkel papagaio já mandou um recado: nós, os arianos, a trabalharmos que nem mouros e vocês, os verdadeiros mouros, aí no bem-bom, a divertirem-se ao carnaval, como se tivessem olhos azuis e penas louras. Era só o que mais faltava!

O certo é que não há quem pare as arruadas de papagaios mascarados de tudo e mais alguma coisa e de acordo com as ambições pessoais de cada um. Pardalitos armados em pavões são aos bandos a esvoaçar por tudo quanto é sítio; aves de asa direita disfarçadas de asa esquerda democrática, outras de extrema-esquerda a simularem voos de esquerda moderada e até fascistas a fazerem-se passar por democratas.

Mas, o mais curioso é o colorido desta fantochada, onde nenhum papagaio assume as penas que carrega. Até aqueles que possuem penachos cor-de-laranja e cor-de-rosa estão a tentar tingir a penugem. É o caso do papagaio que se diz preto por afinidade e o outro, o rei do disfarce, que, em resposta ao primeiro, já se prepara para surpreender tudo e todos quando surgir de rastas ou carapinha e bico achatado, arrastando atrás de si um número considerável de passarinhos negros que se juntarão aos papagaios tailandeses, de turbante e tudo, e à brigada do reumático que já o segue para todo o lado, de chinelo na pata, empoleirada em bengalas e arrastando as próteses, num sacrifício memorável, para não dizer heróico, que justifica umas passeatas fora da gaiola, uns almoços de sementes de gergelim e algum do milho que vai rareando neste zoo.  

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