sábado, 12 de março de 2011

Um papagaio armado em porco


O nosso zoo não é, de facto, a Tunísia, nem o Egipto. E não é porque, depois de um jovem sacrificar a sua vida ao emular-se pelo fogo, o ditador Ben Ali caiu do poleiro. E também não é a Tunísia porque a revolta popular, organizada na chamada «Caravana da Libertação», continua a sua marcha em direcção à capital para varrer definitivamente o regime de malfeitores. Mas, temos que admitir que também não é o Egipto porque Hosni Mubarak, ao fim de 30 anos a cantar de galo, foi capaz de compreender que não valia a pena resistir aos «Dias de Fúria» de uma juventude sedenta de liberdade e de democracia, e caiu.
Porém, já dizer-se que o nosso zoo não é à Líbia, é não querermos ver um papagaio armado em porco.


O porco está disposto a sacrificar o seu povo para salvar a tromba; do mesmo modo, o papagaio armado em porco está disposto a sacrificar a passarada para salvar o bico. Mas, se a Europa e os Estados Unidos estão em alerta e dispostos a defender os chamados rebeldes líbios das malfeitorias do porco, por sua vez, perante a falência do nosso zoo, o fundo de socorro do euro e o FMI aguardam apenas que o papagaio armado em porco não continue a resistir à sua inevitável entrada.
É certo que o porco entende que ninguém lhe pode tirar o poleiro e riposta com a artilharia pesada, aniquilando todos os que lhe aparecem pela frente; já o papagaio armado em porco, que continua a acreditar que se pode manter eternamente no poleiro, levanta voo, armado de orçamentos, PECs e outras armas letais, e dia sim, dia não, dispara em todos os sentidos, procurando arrasar todas as esperanças da passarada.
A geração de rebeldes à rasca acordou e começa a andar por aí. Porcos e papagaios armados em porcos não têm outra alternativa senão resignarem-se ao espaço da sua pocilga.

Sem comentários:

Enviar um comentário