segunda-feira, 21 de março de 2011

Os papagaios no poleiro instável


A estabilidade é o argumento dos argumentos. É o argumento que encima o altar dos crentes e dos fiéis e é o ninho cor-de-rosa, construído de PECs e orçamentos, cimentado de promessas e mentiras, que se compromete a assegurar a estabilidade da instabilidade de uma nação de aves de cabeça oca.
Estabilidade é, afinal, o argumento que assegura imobilidade, e esta é uma espécie de milho envenenado com o qual os papagaios autocratas alimentam os cucos manhosos e os milhafres sempre à espreita de cadáveres, mas também os pardalitos medrosos e os párias que não têm onde cair mortos. Por outro lado, e acima de tudo, este é o milho que sossega as incomodadas águias-reais-europeias sempre disponíveis para desvalorizarem a qualidade de vida da passarada, já de si tão anafada como a deste longínquo zoo plantado na costa mais ocidental do seu território de caça.
OU NÓS OU O TERRAMOTO, SEGUIDO DO INEVITÁVEL TSUNAMI!
 Afirmam os ditos papagaios numa gritaria ensurdecedora para convencerem as aves que não sabem voar e sobretudo para descredibilizar aquelas que se atrevem a bater as asas.
NÃO PRECISAMOS DE NINGUÉM, NEM ESTAMOS DISPOSTOS A QUE NOS AJUDEM A FAZER AQUILO QUE JÁ DEMOS PROVAS MAIS DO QUE SUFICIENTES DE NÃO SABERMOS FAZER!
Barafustam incansáveis as aves de rapina aterrorizadas com a possibilidade do escrutínio independente destapar as tocas onde têm escondido o produto dos seus assaltos a este celeiro já completamente depauperado.
NÃO APOIAREM AS NOSSAS TRUCULÊNCIAS É CONTRIBUIREM PARA UMA CRISE COM CONSEQUÊNCIAS DEVASTADORAS PARA A VOSSA JÁ PRECÁRIA CAPACIDADE DE SOBREVIVÊNCIA!
Teatralizam os mesmos papagaios a tragédia que, para si, constitui a democracia, o voto e a alternância no poleiro.
E há papagaios de bicos rechonchudos, com aquele olhar peculiar dos antropófagos, que repetem até à exaustão os argumentos da verdadeira e natural estabilidade de um zoo inanimado.
E o pior é que também há passarinhos que acreditam no destino e nos papagaios. 

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