quinta-feira, 3 de março de 2011

O papagaio de lâmpada fundida



Para infelicidade da passarada, sempre que os papagaios chegam ao poleiro, das duas uma: ou são corpos que reflectem, da luz que incide sobre eles, o amarelo e um pouco de magenta, resultando da soma destas duas cores um penacho alaranjado, ou são corpos que, da dita luz, apenas deixam visível a magenta um pouco já descolorida das suas penas. Mas, o mais estranho é que em ambas as famílias biológicas de vocação governativa há sempre uns iluminados pela subtracção de todas as cores, a que, normalmente, e de forma simpática, se referem os chamados papagaios cinzentos. Agora, o que já não é somente estranho, mas totalmente incompreensível, é a presença terrível dos papagaios fundidos, uma espécie de manchas negras que esvoaçam como aves agoirentas por cima dos passarinhos. E o Valter desasado é uma dessas manchas completamente negras que, em tempos, ensombrou a educação, defendendo com garras e bico as políticas da saudosa Milú, e agora aterroriza os desempregados quando, com o seu ar tranquilo de pato bravo, surge para apregoar o impossível ao garantir que o desemprego subiu e ao mesmo tempo estabilizou.
De facto, como é possível um papagaio fundido, cuja escolaridade já foi posta em causa por demonstrar não sabe ler nem escrever, manter-se vivo e a piar sem se estatelar na matéria orgânica que é vulgar acumular-se por debaixo dos poleiros?

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