quinta-feira, 30 de junho de 2011

Os papagaios regressaram à capoeira

Os papagaios regressaram à capoeira e o seu cacarejar deixou a passarada completamente de bico aberto e com as asas agarradas às penas da cloaca. Afinal, remetidos os empenachados cor-de-rosa para a plateia da oposição, os passarinhos esperavam alegremente ter-se libertado do pesadelo que os perseguia há vários anos e alimentavam a expectativa de poderem voltar a sonhar com uma floresta protegida das aves de rapina. Mas, com o corte de 50 por cento do milho reservado para as comemorações do nascimento do criador imposto logo na primeira intervenção cor-de-laranja, pintassilgos, canários e outras aves de porte mais frágil perceberam que o chilrear de faca na liga vai continuar a manter-se como a cantiga nacional e que o melhor que têm a fazer é arribarem para outras paragens ou prepararem-se para os voos rasantes à capoeira para expelirem a sua revolta sobre os novos empoleirados. E é pena. É pena porque as aves, completamente depenadas, já não aguentam mais; e é pena porque se esperava uma mudança de política zoológica nacional mais radical e com mais imaginação.
Teme-se que a redução da ração de milho, das pevides e de outras sementes indispensáveis no menu da bicharada venha a constituir uma verdadeira catástrofe para a preservação das espécies. E teme-se que os urubus se mantenham à espreita.

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