segunda-feira, 11 de abril de 2011

Os papagaios e o seu gosto pelo poleiro

Ao fim de um tempo a estudá-los, já tínhamos percebido que há papagaios de muitas espécies. Uns com muitas penas, outros completamente depenados; alguns pavoneiam penachos de todas as cores, enquanto outros se limitam a uma única coloração. Também se diferenciam tendo em conta as características do voo e as dimensões do bico. Por exemplo, uns voam baixinho, outros são capazes de voar mais alto, uns apresentam bicos maiores e agudos, outros mais pequenos e rombudos. Mas, se há coisas que podemos dizer comuns a todos é o gosto pelo poleiro. Todos adoram assentar as patas no poleiro e alguns, quando incitados a voar para outras paragens, resistem e resistem, normalmente vocalizando sempre os mesmos ruídos, como se tivessem engolido uma cassete estragada, arriscando mesmo a vassourada daqueles que já não suportam continuar a aturá-los.
Depois há umas espécies que, não sendo iguais, fica sempre difícil descortinar-lhes as diferenças. E este acaba por ser um exercício que exige muita atenção.
Vejamos os casos dos papagaios que vão disputar a capital do zoo. Um caracteriza-se pela nobreza de carácter, o outro pelo carácter ferrugento. Um é completamente independente, habituado a ser um papagaio do mundo e a voar para onde se encontrem vidas em risco. O outro é um papagaio estranhamente dependente dos amigos cor-de-rosa e o mais que conseguiu voar foi até Paris, onde ninguém sabe o que terá lá ido fazer. Por outro lado, ao contrário do primeiro, este, tem no currículo a mácula de, um dia, não ter voado em socorro de um bando de aves inocentes, deixando-as cair na rede de passarinheiros malvados que acabaram a banquetear-se com eles.
Bem, depois há outras diferenças que, parecendo pequenas, não deixam de ser enormes. Se repararmos, um aponta o dedo no sentido do futuro, enquanto o outro se limita a encerrar esse futuro entre dois dedos.

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