sábado, 8 de janeiro de 2011

O pavão bate as asas mas não levanta voo

o pavão alegrete
O poeta alegrete, que começou por ameaçar que se matava se não votassem nele, arrependeu-se e, como qualquer papagaio honrado e corajoso, decidiu manter-se vivo. Afinal, ninguém ligou patavina às suas ameaças porque todos sabem que um morto não pode voltar a morrer e a um defunto perdoa-se tudo. Depois, o mesmo alegrete veio pedir encarecidamente que lhe dessem o voto, comprometendo-se a ficar no poleiro apenas um mandato e, mais uma vez, ninguém abriu o bico. Perdido nas baboseiras poéticas com que vai conspurcando o ar deste jardim entregue aos bichos, muitos deles rastejantes, ainda pensou em pedir à passarada para lhe dar o dito poleiro apenas por um dia. Um dia apenas para pavonear a sua vaidade. Só que as gargalhadas das corujas soaristas fizeram-no abandonar a genial mas tremenda bomba atómica. Entretanto, quando se limitava a mendigar de asa estendida à misericórdia de tolos e distraídos, volta a reerguer-se do ridículo quando escuta um pardalito manco a cantar brejeirices a propósito de um cavaquinho sem cordas para acompanhar o hino ao vale tudo para cantar de galo. E de galaró da índia se travestiu o poeta alegrete, batendo as asas no chamamento aos galináceos entorpecidos pela modorra de uma espécie de campanha, para uma nova investida. Com a ajuda da sua quadrilha de papagaios mascarados de gente séria, a estratégia de cerco é montada com o objectivo de roubar a honra e defecar na imagem do papagaio que arrecadou umas coroas na bolsa do Oliveira e Costa, a ave de rapina que, graças ao castigo dos deuses da nossa justiça, vai morrer por detrás das grades, ainda antes de se poder defender das malfeitorias de que é acusado e outros beneficiado à grande e à francesa. Porém, o alegrete, na euforia do bacanal de poesia porca, mete a pata na poça e embola-se na merda de um texto que lhe terá rendido a miserável quantia de cerca de quatro ordenados mínimos, texto esse que ninguém parou para ler, que serviu apenas para demonstrar a sua faceta de socialista, anticapitalista, e onde consta que fala de espingardas e dinheiro – não sabemos se terá falado de marfim e de diamantes, de resto, matéria que poderia ter pesquisado nas memórias de outros papagaios da sua estirpe, como a de Edmundo papagaio e outros ainda no activo.
É muito azar para um papagaio só. Esperemos que ninguém se lembre de lhe perguntar se pagou impostos sobre a referida quantia miserável que, cabisbaixo, mas naquela voz que atropela as fêmeas com o cio, umas vezes afirma ter recebido em cheque, outras em depósito… quem sabe não terá sido em dinheiro vivo...
um pardalito




outro pardalito


um pardalito louco
um pardalito manco
e o cavaquinho sem cordas

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