quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Os papagaios palhaço



O porta-voz dos papagaios que estão no poleiro tem mudado com muita frequência. E diríamos que felizmente, porque a mudança de palhaços imprime uma dinâmica muito própria aos espectáculos circenses. Claro que os espectadores agradecem e os empoleirados imaginam poder aguentar-se muito mais tempo no trapézio. Inevitavelmente os cenários mudam, muda o guarda-roupa e saltimbancos diferentes trazem sempre palhaçadas novas. Com efeito, por este circo zoológico tem passado uma notável trupe de papagaios de plumagem cor-de-rosa, alguns dos quais têm deixado muita saudade à passarada, sempre disposta a rir à gargalhada com os tropeções, as cambalhotas e outros truques mais ou menos hilariantes dos verdadeiros artistas. Um dos saudosos, o papagaio Cabeça de Repolho, com o seu sorriso matreiro e as suas baboseiras sempre muito cerebrais, ao ser substituído pelo papagaio Perarrocha, deixou na maior angústia o clube das galinhas apaixonadas. Entretanto o seu sucessor, um jovem papagaio habilitado para outros voos, supostamente mais acrobáticos, acabou planando baixinho entre as árvores e praticamente desapareceu, o que foi uma pena porque também já começava a ter fans entre as aves frutíferas. Mas a vida de circo é assim, perde-se um papagaio ganha-se outro. Foi o que aconteceu com o inesperado renascimento de um papagaio que se julgava ter morrido com a gripe das vacas loucas. Mas não. Ele aí está, com a sua incomensurável língua, a botar discursos avacalhados e a ganhar prestígio entre as garças.
Não há dúvida que Deus tem protegido este zoo, enviando muitas aves que disfarçam a melancolia, a tristeza e também a falta de milho, de pevides e outros bens de primeira necessidade.





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