sábado, 26 de fevereiro de 2011

Papagaios ao milho


O papagaio Santana, das célebres trapalhadas que iam fazendo naufragar este jardim zoológico – não fora o bom senso do sem pai nem mãe, que fez o favor de nos servir um peru já estragado – tem um ciclo de vida e de morte política que configura um case study. É, de facto, um papagaio com todas as características de uma Fénix. Extingue-se consumido pelas chamas quando está no poleiro ou à beira dele e renasce quando os que o depenaram lhe restituem a plumagem. E ele aí está, brilhante, consensual, cheio de fé em Deus e até a admitir qualidades ao primeiro papagaio, aquele que tem plagiado os seus disparates e que lhe usurpou o dito poleiro, verdade seja dita, com o patrocínio do partido IDP, a chamada ignorância democrática popular.
Em frente de Manuel Maria, outro papagaio da mesma espécie – umas vezes luzidio, outras apenas um monte de cinzas –, cacareja sobre o estado da nação com toda a propriedade, concita a simpatia hipócrita daqueles que o detestam e a troco de algum milho entra no espectáculo das piruetas.
Mas Santana é um papagaio inteligente. E temos que admitir que sabe que a rede que lhe montaram por debaixo do arame, por onde decidiu voltar a caminhar, não passa, mais uma vez, de uma teia bem disfarçada para apanhar passarinhos. E não se importa porque vai dizendo umas verdades e chamando a atenção para os mais distraídos.
Por exemplo, à boa maneira de um verdadeiro presidente da república, poleiro que, apesar de tudo, ainda permanece no horizonte dos seus voos, ao dizer que Rio papagaio seria o líder certo do partido sem direcção, o PSD, demonstra uma capacidade única para unir todos os portugueses, quer se afirmem de esquerda ou de direita. Os primeiros agradecem a sua teoria porque o que está em causa é provocar o caos no galinheiro cor-de-laranja, para continuarem a reinar; os segundos também agradecem porque já perceberam que o granívoro que os dirige ainda não tem comprimento de asas, não tem carisma e também não tem jeito para os comandar no assalto ao poder.

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